O FC Porto ainda não voltou de férias


No terceiro round, o Paços de Ferreira conseguiu um ponto (1-1). Desta vez não estava um troféu em jogo, mas a equipa de Paulo Sérgio lutou com o FC Porto como se, no final, tivesse direito a uma taça reluzente. Ao invés, os “dragões”, de barriga cheia, sobranceiros, pareciam estar certos de uma vitória que nunca apareceu.

Os campeões nacionais ainda não voltaram de férias. Mais do que isso, é caso para perguntar em que praia paradisíaca é que anda a cabeça de Hulk, protagonista de uma exibição constrangedora, um zero à esquerda numa equipa que só na segunda parte, depois da expulsão do brasileiro, é que ganhou os corredores.

O lance do golo (em parte) de Ricardo resume bem o que se passou na Mata Real: o Paços de Ferreira em cima do acontecimento e os portistas muito tempo de costas voltadas para o jogo.

À semelhança do que tinha acontecido há uns dias, Paulo Sérgio voltou a mostrar que sabe o que quer quando joga com um grande como o FC Porto. Quer que a sua equipa seja humilde e trabalhadora ao ponto de perceber que só com o jogo bem esticado e passes com cabeça, tronco e membros é que se pode equilibrar a balança. Hoje, voltou a conseguir longos períodos interessantes, com boas movimentações na saída para o ataque e os sentidos alerta na altura de defender.

Bastou para ir enervando o FC Porto com um Hulk demasiado egocêntrico, com Álvaro Pereira sem vida e, por isso, com um corredor a menos.

O Paços percebeu cedo esses desequilíbrios. Aos 6’, Baiano falhou um cabeceamento fácil. E, aos 12’, os adeptos da equipa da casa (claramente em minoria) festejavam o golo improvável. Canto, cabeceamento de Ricardo e as costas de Fucile a fazerem o resto.

Jesualdo Ferreira mexeu – Hulk trocou de lado com Mariano –, mas não estava aí a solução. Aí, em Hulk, estava antes o problema. Filipe Anunciação, que às vezes parecia correr contra o vento, chegou para as encomendas. Pedrinha, Baiano e os centrais estavam de antenas bem levantadas. E a sorte também não quis nada com os “dragões”, que viram a trave (23’) e Cássio (36’) negar o golo a Belluschi, com dois belos momentos de futebol. O intervalo chegou com mais uma defesa/redenção do guarda-redes pacense, a tirar o golo do pé do isolado e irreconhecível Hulk.

Com as sombras a apoderarem-se do relvado, a segunda parte avançou sem Raul Meireles, que cedeu o lugar a Falcao. E se, durante longos minutos, o FC Porto sobreviveu sem meio-campo, aos 78’ o reforço elevou-se para empatar as contas e moralizar os adeptos que se bronzeavam no topo contrário. Hulk, verde de raiva, expulso por acumulação de amarelos (56’), já não fazia parte deste filme. E o FC Porto, por incrível que pareça, estava melhor sem ele.

O Paços, desgastado pelo sol e pelo relógio, ensaiava uns remates, mas recuava. O FC Porto, em tons de férias grandes, parecia lembrar-se da atitude certa, aquela que valeu muitos títulos no passado. E avançou. Apesar dessa tendência, o jogo termina com Carlos Xistra a anular por fora-de-jogo um lance flagrante no ataque do Paços, que podia assim ter levado o seu troféu.

Fonte: Público

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