Benfica choca com a realidade
O Benfica de Jorge Jesus sofreu, ontem, domingo, o primeiro choque de realidade da época, ao não ser capaz de ultrapassar a organização maritimista. Mas pecou pela falta de eficácia na finalização e pela pouca atitude no primeiro tempo. A expectativa não só era alta como fundada pelos resultados da pré-época e os mais de 50 mil espectadores na Luz comprovavam a ilusão criada pela formação de Jorge Jesus. Mas, como o próprio avisou na antevisão do encontro com o Marítimo, trata-se de campeonato e a postura das equipas é diferente da pré-época. Isso viu-se desde o início com o Marítimo a apostar numa rigidez táctica louvável, montando uma teia a meio-campo que dificultava a posse de bola e a progressão, dando a iniciativa aos encarnados. Se é certo que o posicionamento dos insulares colocava o Benfica em ordem, com cinco homens no meio-campo, Olberdam a pensar e organizar toda a pressão, Manu e Kanu a saírem com a bola controlada, não é menos verdade que os encarnados denotavam dificuldade em mostrar a dinâmica vista em jogos anteriores. Aimar é o farol, mas viu-se apertado e com dificuldades em criar desequilíbrios, ao passo que Carlos Martins saiu lesionado e Di María mostrou pormenores. Já Saviola foi uma sombra e Cardozo quase não se viu por não ter bola. Aliás, esse foi o problema durante o primeiro tempo: fazer chegar a bola à frente. Ao invés, o Marítimo gostava do ritmo e foi-se aventurando no ataque. Num desses lances, ganhou um canto e, na sequência, a mão de David Luiz. Penálti convertido, de paradinha, por Alonso. Os encarnados tinham de correr atrás do prejuízo e começava a aparecer no jogo o desequilibrador Fábio Coentrão. Lutador, recuperou bolas e impulsionou para a frente. Não foi suficiente até ao intervalo, embora se notasse o crescimento encarnado. Mas a entrada no segundo tempo comprovou-o. Coentrão abriu as hostilidades e deu lugar ao brilho de Peçanha, com um remate de cabeça. De seguida, foi Di María a desperdiçar um golo feito, para depois Sidnei fazer o mesmo. Tinha todo o ascendente o Benfica, que conseguiu ganhar o meio-campo. O Marítimo deixou de existir em termos atacantes, preocupando-se em cortar linhas de passe. Jesus viu isso mesmo e arriscou, tirando Sidnei por Weldon para ganhar poder na área. Mas perdeu o contributo de Coentrão na frente, que desceu para lateral esquerdo. A toada mantinha-se e, numa insistência, Saviola arranca um penálti a Miguelito. Peçanha brilhou e defendeu o remate de Cardozo, muito denunciado. A Luz começava a esvaziar o balão de entusiasmo, embora a equipa continuasse a atacar. O Marítimo não perdia o posicionamento. No entanto, tanta insistência haveria de ser compensar pela cabeçada de Weldon. Não mais os encarnados conseguiram voltar a marcar. E foi por aí, pela falta de eficácia e pela pouca mobilidade no período inicial, que acabaram por empatar o jogo. Fonte: JN