Telma Monteiro conquista prata com “sabor amargo” nos Mundiais de Roterdão
Telma Monteiro esteve muito perto do título mundial, mas este acabou por fugir. Injustamente. Há um ano, a atleta, natural de Almada, saiu de Pequim com as mãos vazias, quando todos esperavam uma medalha olímpica. Esta quinta-feira, fez reviver as esperanças ao mais alto nível, com uma caminhada imaculada até à final do Mundial de Roterdão. O combate decisivo não premiou o esforço da portuguesa, que conquistou a medalha de prata e o estatuto de vice-campeã do mundo.
Tanto o semblante de Telma no pódio, como as declarações posteriores à final do director técnico nacional da Federação Portuguesa de Judo, revelam que o sentimento na delegação portuguesa correspondia à ideia de que o segundo lugar foi pouco, porque o segundo lugar é o primeiro dos derrotados. “Ser vice-campeã do mundo, só para uma pessoa de grande categoria. No entanto, este resultado, que é muito bom, foi um pouco amargo”, comentou Luís Monteiro. “Ela acreditava que podia ganhar o ouro e a forma como perde é que é amarga”, acrescentou.
O dia em que Telma Monteiro entrou em acção nos Mundiais de Roterdão, não podia ter começado melhor. Isenta da primeira ronda, a judoca que, em Portugal, representa o Benfica, teve uma entrada fulgurante nos 16 avos-de-final, eliminando, com "ippon", a actual campeã olímpica, a italiana Giulia Quintavalle, ao fim de apenas 14 segundos de combate. Uma vitória-relâmpago que limpou, de certa forma, a imagem da judoca portuguesa, beliscada pela sua prestação insuficiente nos Jogos Olímpicos de Pequim, e que lançou Telma Monteiro para uma série imparável até à final.
Nas duas rondas seguintes, Telma voltou a vencer por "ippon", tirando do caminho Concepcion Bellorin (Espanha) e Malgorzata Bielak (Polónia). A qualificação rumo à final parecia transformada num passeio, com Telma a usar todos os seus recursos para tornar fácil o que parecia difícil.
Nas meias-finais, a atleta lusa, de 23 anos, teve de se aplicar a fundo para contornar a azerbaijana Kifayat Gasimova, terceira classificada dos Europeus de 2008, mas garantiu um lugar no confronto do título.
Faltava vencer a francesa Morgane Ribout, e nos cinco minutos de combate, Telma fez tudo para o conseguir, perante uma adversária que preferiu uma atitude passiva e que acabou por beneficiar de uma decisão dos juízes, que sancionaram a portuguesa com dois "shidos" (castigos). Uma decisão que, no fim, fez a diferença e que entregou o título à francesa, que assim se desforrou da derrota sofrida em Abril, nas meias-finais do Europeu.
Fonte: Público