Coca para beber
Deve beber-se fresca, de um trago, depois de uma dentada num gomo de lima. Se preferir long drinks, pode misturá-la em cocktails mais complexos. Diz quem percebe disso que não se deve misturar com sumos de fruta, com risco de arruinar o sabor original, já que a Agwa de Bolívia contém frutose suficiente.
É verde, a fazer lembrar o velhinho Pisang Ambom, mas tem mais álcool: 30% - menos dez do que a vodka e do que a tequilla. Mas nada disso se compara ao ingrediente chave que faz desta bebida uma coisa única: é que a Agwa de Bolívia é feita a partir de folhas de coca... da Bolívia. E antes que arregale os olhos de admiração, nós explicamos.
O quê? Como? Para cada garrafa são necessárias 40 gramas de folha de coca e mais 36 plantas, entre as quais ginseng e guaraná. Por esta altura já deve ter percebido a filosofia energética da coisa. Mas nada tema, as folhas de coca vão limpas de cocaína, mantendo apenas as substâncias alcaloides da própria folha, dando a este licor o selo de 100% legal. Excepto em Singapura e Taiwan. As autoridades destas duas ilhas ainda desconfiam do ingrediente folha de coca.
Depois de serem "descocaínadas", em Amesterdão, as folhas são colocadas numa infusão com álcool e as restantes ervas. Daqui, a bebida é distribuída para o resto do mundo e são já 38 os países onde se pode beber licor de folhas de coca.
Em Portugal Afonso Vieira, de 23 anos e Miguel Tojal, de 24, são os representantes exclusivos da Agwa de Bolívia em Portugal. Encontraram a beberagem na internet, por acaso. O facto de ser feita de folhas de coca da Bolívia chamou-lhes a atenção e como jovens empreendedores dados ao álcool (para que não haja confusão: são ambos donos e senhores de formações na área das bebidas - cocktails, wiskys e afins e experiência enquanto barmen) decidiram "enviar um mail a propor a representação da única marca a produzir a bebida por terras lusas. Depois de três meses de espera, o negócio concretizou-se". O objectivo é "acabar com o reinado das caipirinhas e da cachaça, já que este licor também pode, e deve, ser bebido com lima". A Agwa de Bolívia chegou a semana passada à noite lisboeta e já pode ser pedida no Lux, na Bica do Sapato e no Delidelux. Um shot pode custar seis euros, uma long drink oito e uma garrafa inteira chega aos 30 euros.
Efeitos "Dá uma moca de oxigénio", diz Afonso, à falta de melhor expressão. "Dá energia", diz Miguel. Mas não pense, por isso, que ficará com disposição para escalar o Evereste duma assentada. Apesar dos Incas (há milhares de anos) terem o costume de mastigar a folha de coca para alcançar um estado de euforia prolongada, o consumo exagerado de shots deste licor só irá proporcionar-lhe uma valente bebedeira.
Fonte: ionline