Obama volta de férias menos popular
O cenário não é tão preocupante como o que enfrenta Gordon Brown, o primeiro-ministro britânico, entalado pelos contornos escuros da libertação do bombista de Lockerbie. Mas a queda na popularidade do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não fica muito atrás: é a maior de sempre de um presidente dos EUA num primeiro mandato.
Em pouco mais de sete meses, a taxa de aprovação do chefe da Casa Branca caiu 20 pontos: passou de 70 para cerca de 50% no início de Setembro. A humilhação é maior se tivermos em conta que a mulher, Michelle, elevou a aceitação entre os votantes republicanos de 40 para 70% no mesmo período.
Os principais responsáveis pela queda do marido nas sondagens são os eleitores independentes, uma percentagem da população que aumentou na segunda legislatura da Administração George W. Bush e que actualmente é maioritária: ronda os 39%. Os erros acumulam-se e a crise económica não ajuda. Em Agosto, a taxa de desemprego subiu até aos 9,7% - a mais alta desde 1983 - e o défice orçamental passou de 8,6 para 10,3% do Produto Interno Bruto.
Reforma estagnada O buraco nas contas públicas levou a oposição a pedir a suspensão da reforma da Saúde, outro dos grandes sarilhos na agenda de Obama. "Estou com o presidente. O nosso sistema de saúde tem de mudar para que todos os meus pacientes, e todos os cidadãos, tenham acesso aos cuidados de que precisam", sustentava ontem, no "Washington Post", o prestigiado cardiologista Arthur Feldman. "Mas não concordo com a forma como pretende fazer as coisas".
Antes de desfrutar de umas curtas férias em Camp David, Obama explicou até à exaustão o projecto de reforma, mas deixou a iniciativa ao Congresso. Contudo, a legislação para dar cobertura médica universal (47 milhões de pessoas ainda não têm seguro médico) ficou estagnada na Câmara de Representantes, e por isso a Casa Branca anunciou ontem que vai redigir uma proposta própria. Na quarta-feira, Obama voltará a defender uma reforma que não convence muitos dos democratas e que foi vetada pelos republicanos desde o final da II Guerra Mundial.
A rentrée política também estará marcada pela segurança, um terreno onde é fácil escorregar. A oposição questiona a capacidade do presidente para liderar o exército mais poderoso do mundo, que, após oito anos de guerra, continua longe de conseguir uma vitória no Afeganistão.
O escândalo das festas eróticas e alcoólicas na embaixada de Cabul, destapado na semana passada, trouxe à memória os piores abusos cometidos na anterior legislatura.
A última má notícia para Obama chegou ontem, com a demissão de Van Jones, conselheiro em matéria ambiental, por apoiar uma teoria que acusa Bush de provocar os atentados de 11 de Setembro.
Fonte: ionline