Despedimentos colectivos disparam
Norte é a região com maior número de trabalhadores dispensados. Os trabalhadores abrangidos por despedimento colectivo não param de subir. Até Agosto, foram despedidos quase tantos como em 2008 inteiro. Ontem, o IEFP revelou haver mais de 500 mil inscritos à procura de emprego. Região: Norte. Dimensão da empresa: grande. Mês: Junho. No seu conjunto, estas três variáveis reúnem os números mais negros dos despedimentos colectivos concretizados entre Janeiro e Agosto deste ano. Das 3173 pessoas em causa, 2485 eram da região Norte e mais de um terço (1294) estavam em empresas de grande dimensão. Por comparação com 2008, a zona mais a Norte do país viu o seu peso aumentar no total dos despedimentos colectivos: no ano passado tinha pouco mais de metade (55%) dos despedidos e agora já responde por 78%. Os dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) mostram ainda que Junho foi o mês que concentrou o maior número de situações de despedimento (747). Tudo somado, apesar de o terceiro trimestre deste ano ainda não estar concluído, valores até Agosto são suficientes para ultrapassar os números registados nos três primeiros trimestres de 2008 (que totalizou 2591). Além dos processos concluídos, a DGERT regista iniciados. E nesta matéria, o ano de 2009 evidencia uma evolução ainda mais negativa. Nos primeiros oito meses deste ano, 551 empresas deram início a processos de despedimento colectivo envolvendo a dispensa de 7848 trabalhadores. Uma situação que vai além da registada em todo o ano de 2008, quando foram iniciados 405 processos visando 7441 trabalhadores. Ao contrário do que sucedeu no ano passado, em que os processos de despedimento colectivo surgiram em maior número em empresas do Norte, este ano, as regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo estão "empatadas": em ambas se contabilizam 234 empresas com processos já iniciados. Estes dados e esta evolução não surpreendem os responsáveis sindicais. "Os despedimentos colectivos não são novidade nenhuma tendo em conta a situação difícil que o país atravessa", precisou ao JN o coordenador da UGT na Região Norte. Para Alfredo Correia, esta situação mostra que as medidas de combate à crise e defesa do emprego "não estão a ter eficácia". Alfredo Correia sublinhou, por isso, a sua preocupação com o que poderá passar-se nos próximos meses, assinalando que a tendência será para que os despedimentos colectivos continuem a subir. Preocupado mas igualmente não surpreendido, Arménio Carlos, da CGTP, aponta a actual crise como uma das causas da subida do desemprego, mas sublinha também a necessidade de as autoridades estarem atentas às situações de "oportunismo" de algumas empresas que aproveitam para encerrar empresas ainda que tenham intenção de abrir outras. Fonte: JN