Rohde avança para 'lay-off' e pede insolvência
A fábrica de calçado Rohde vai entrar em "lay-off" por dois meses e avançar para um pedido de insolvência, disseram hoje, segunda-feira, representantes sindicais da empresa.
A maior empregadora nacional da indústria do calçado tem ao serviço 984 funcionários e espera assim conseguir algum espaço de manobra para procurar uma solução que assegure a sua viabilidade.
Fernanda Moreira, do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, afirmou que ainda não está definida a data para implementação da redução do horário laboral ('lay-off').
"O que nos comunicaram foi que vão avançar para um 'lay-off' de dois meses. Terá início com os trabalhadores que neste momento não têm trabalho e depois, consoante forem acabando as encomendas que há para terminar, chegará aos outros operários", adiantou Fernanda Moreira.
"No final serão todos afectados", garantiu, "mas, para já, [o 'lay-off'] irá começar com as secções que estão paradas: a de corte, a da linha de entrada e algumas [áreas da] costura".
Em causa "deve estar metade da força laboral da empresa", acrescenta a dirigente sindical.
Quanto ao pedido de insolvência, Fernanda Moreira adianta que esse "vai avançar o mais rapidamente possível - se calhar ainda esta semana - e o objectivo é que se apresente um projecto de recuperação" para a empresa.
O pedido vai ser apresentado a tribunal em Portugal - e não na Alemanha, onde a Rohde tem a sua empresa-mãe - para assegurar que o processo é conduzido "por um administrador português".
No caso de surgir um comprador para a fábrica de Santa Maria da Feira, essa opção garantirá que "todos os contactos são feitos em Portugal".
Entretanto, o sindicato vai apelar à intervenção do Governo, afirmou Fernanda Moreira.
"Iremos tentar falar com o Ministério do Trabalho - que é o responsável pelo lay-off - para saber pormenores e ver até que ponto isto poderá ser uma solução ou não", acrescentou.
Os 984 trabalhadores da Rohde não têm salários em atraso e, até ao passado dia 14 de Agosto mantinham horários de trabalho completo. Alguns sectores de produção estavam, contudo, inactivos, pelo que a administração da fábrica já vinha destacando os funcionários desses departamentos para tarefas como a limpeza de armazéns e arrumações.
Quanto à produção da fábrica, 80 por cento das encomendas são encaminhadas para o cliente que adquiriu a empresa-mãe da Rohde.
Desde a falência dessa unidade, em Março de 2007, a Rohde portuguesa está a ser administrada por um gestor judicial alemão e por três procuradores em Portugal.
A Lusa procurou recolher declarações junto da administração da empresa, mas esta esteve até agora indisponível para o efeito.
Fonte: JN