Calculadora numa mão e fé na outra


A selecção joga frente à Hungria uma cartada decisiva. A duas partidas do encerramento da fase de qualificação, a equipa lusa ocupa uma posição a que já não estava habituada. E depende de terceiros para chegar ao Mundial...


As contas são muito fáceis de fazer. Se Portugal vencer hoje e, no outro encontro, a Dinamarca não perder com a Suécia, passa a depender apenas de si para garantir o apuramento para o play-off. Se, por seu lado, o conjunto de Ibrahimovic ganhar, Portugal está praticamente eliminado. E antes do embate da Luz... começar.


"Não podemos estar excessivamente preocupados com coisas que não podemos controlar. Por isso, vamos concentrar-nos apenas em nós. Mas tenho a certeza de que a outra partida será limpa, até porque a Dinamarca sabe que não pode perder", defendeu, ontem, em conferência de Imprensa, Carlos Queiroz.



Para recordar tanto dramatismo nas contas, é necessário recuar até 1986, ano em que Portugal também dependia de terceiros para se apurar. O impensável aconteceu a 16 de Outubro de 1985: em Estugarda, diante da Alemanha, o célebre pontapé de Carlos Manuel, aliado à derrota inesperada da Suécia na Checoslováquia, colocou-nos no Mundial. De lá para cá, todos os apuramentos se realizaram de forma tranquila. Ao mesmo tempo, em todas as qualificações em que Portugal estava abaixo dos lugares de qualificação a duas rondas do fim, não houve... festejos. A partir de 1996, Portugal apenas falhou um grande evento: foi no Mundial 98, comandado por Artur Jorge.


Para o importante desafio de hoje, apenas Tiago não recuperou a tempo. Cristiano Ronaldo e Bosingwa estão disponíveis fisicamente, treinaram sem limitações e vão ser armas apontadas à baliza húngara. No onze, há poucas ou nenhumas dúvidas: Simão vai substituir Tiago, enquanto Miguel Veloso faz de Pepe, castigado.


Carlos Queiroz afasta o nervosismo do momento, apesar de, para piorar o cenário, Portugal ainda não ter conseguido ganhar em casa nos três jogos oficiais. "Actuamos melhor quando estamos sob pressão. Não vamos e não queremos deixar escapar esta oportunidade. Estamos bem colocados neste sprint final. Temos ordem para atacar. Em Copenhaga, fizemos 36 remates". Relativamente às notícias, surgidas em Espanha, que apontam Luis Aragonés como seu sucessor, preferiu o desprezo. "Já nada me surpreende no futebol".


Apesar do pedido de apoio, os adeptos devem virar as costas à selecção. Até ontem, apenas tinham sido vendidos 25 mil bilhetes, não estando contabilizado as centenas de ingressos oferecidos aos patrocinadores. A FPF conta que estejam, pelo menos, 40 mil espectadores, mas estas são as previsões mais optimistas.


Do lado da Hungria, o seleccionador Erwin Koeman garantiu que os seus atletas não foram excessivamente agressivos no embate de Budapeste. "O que temos de fazer? Deixá-los passar? Temos de fazer o nosso jogo. Não penso que tenhamos sido violentos. Eu não procuro desculpas", afirmou. Entretanto, a Federação Húngara homenageou Miklos Fehér na Luz. "Foi uma cerimónia impressionante", afirmou, Koeman.




Fonte: JN


POSTED BY Joana Vieira
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