Fotógrafo de moda Irving Penn morre


O fotógrafo de moda Irving Penn morreu ontem em Nova Iorque, aos 92 anos de idade. Desde membros de tribos da Nova Guiné a hippies de São Francisco, Penn fotografou um pouco de tudo, mas foi o seu cunho de simplicidade, elegância e minimalismo que emprestou à fotografia de moda que o distinguiram no meio artístico.

Muitas das fotografias de Penn são hoje detidas por alguns dos museus mais conceituados do mundo. Recentemente, uma mostra de fotografias suas esteve em exposição nos Estados Unidos, sob o nome colectivo The Case for Wine: From King Tut to Today.

Penn morreu ontem no seu apartamento de Nova Iorque, anunciou o seu irmão, o realizador Arthur Penn. Não foi avançada nenhuma causa para a sua morte.

Penn começou a trabalhar para a Vogue em 1943 e tornou-se um dos primeiros fotógrafos comerciais a fazer a transição para a fotografia artística antes de 1970.

Conseguiu esta proeza usando a mesma técnica independentemente daquilo que fotografava – isolando o objecto, utilizando pouquíssimos adereços e criando um produto final graficamente perfeito. Os críticos consideravam os seus trabalhos icónicos e puristas.

Uma das suas fotografias mais conhecidas para a revista Vogue na década de 1950 mostrava uma modelo impecavelmente vestida e olhando de viés, sob um véu, como se ainda não estivesse preparada para ser fotografada.

Querendo sair do mundo hermético e artificial da fotografia de moda, Penn começou na década de 1960 a fotografar ambientes mais decadentes. As suas imagens de marca desta altura são beatas de cigarro e destroços.

Esta incursão por caminhos mais conceptuais valeu-lhe algumas críticas, que classificaram o seu trabalho de pretensioso, mas também lhe valeram elogios, gabando-lhe a capacidade de transformar objectos sem importância em obras de arte. “Cada objecto rejeitado, distinto, rasgado e sujo foi cuidadosamente seleccionado, isolado, aumentado e transfigurado de um objecto descartável para um impressionante artefacto icónico”, concluiu em 1977 uma crítica do Art News.

Durante a polémica, Penn manteve-se superior às críticas e foi fotografando aquilo que queria. Quer fotografasse escritores famosos ou membros do Hells Angels, o tratamento era o mesmo: isolava os objectos em estúdio e dava-lhes o seu tratamento minimalista.

As suas fotografias atingem facilmente hoje em dia dezenas de milhares de dólares em leilões. Uma venda de 15 trabalhos da sua autoria está aliás marcada para hoje, na Christie’s de Nova Iorque.


Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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