Nova música em destaque na Guarda


Nos próximos dias, a música contemporânea vai ser o grande destaque da programação do Teatro Municipal da Guarda (TMG). Hoje, às 21h30, será apresentada a ópera multimédia de Miguel Azguime “Itinerário do Sal” no âmbito do Festival de Artes Performativas Y (a decorrer até ao fim de Outubro na Guarda, na Covilhã, no Fundão e em Torres Novas) e entre os dias 29 e 31 realiza-se a 4ª edição do ciclo Síntese, dedicado ao repertório musical de tradição erudita do nosso tempo.

Estreada no Festival MIRA, em Toulouse, e depois reposta no Centro Cultural de Belém, “Itinerário do Sal” é uma obra cénica que integra electrónica e vídeo em tempo real. Definida pelo autor como “uma reflexão entre a criação e a loucura”, é a concretização de um trabalho sobre as várias dimensões da escrita. Em palco, Miguel Azguime personifica o compositor e o poeta, conduzindo-nos através do seu mundo interior, ou seja, do seu itinerário pessoal a que chama de Sal (substância fundamental potenciadora do conhecimento e do sabor). O vídeo (programado por André Bartetzki e realizado por Paula Azguime e Perseu Mandillo) e o processamento electrónico em tempo real associam-se à projecção espacial da voz, da poesia, do gesto, da música e do traço, desenvolvendo uma polifonia de sentidos, significados e emoções. Trata-se de um dos mais interessantes trabalhos de Miguel Azguime, que se encontra também disponível em DVD.

O ciclo Síntese resulta da colaboração entre o TMG e o agrupamento homónimo (Síntese - Grupo de Música Contemporânea da Guarda). Apesar da sua curta existência, este conjunto de músicos dirigidos pelo pianista Domenico Ricci, já realizou primeiras audições de obras de Christopher Bochmann, Hélder Gonçalves, Domenico Ricci, Amílcar Vasques Dias e Eduardo Patriarca. Este último compositor, nascido em 1970, no Porto, foi também o destinatário da obra encomendada este ano (“Fractal Points”), que terá sua estreia no concerto inaugural (amanhã, às 21h30), contando com a participação do pianista Fausto Neves. O programa inclui ainda “Litania”, de João Pedro Oliveira, e as “Folk Songs”, de Luciano Berio, na voz de Helena Neves.

No dia 30 será a vez do (Des)Concertante Trio, criado em 2004 no âmbito da disciplina de música de câmara da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco e premiado em concursos na Noruega, Itália e Portugal. Formado pelo clarinetista Sérgio Neves, pela violoncelista Ana Luísa Marques e pela acordeonista Carisa Marcelino, o grupo tem suscitado o interesse e a criatividade de compositores como Carlos Marques, Carlos Marecos, Sérgio Azevedo, Paulo Jorge Ferreira e Andrea Talmelli pela sua combinação tímbrica fora do comum.

O encerramento, no dia 31, cabe ao Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, ensemble pioneiro em Portugal fundado em 1970 por Jorge Peixinho, uma das figuras cimeiras da criação musical portuguesa da segunda metade do século XX. Sob a direcção de João Paulo Santos, apresenta um programa centrado em Jorge Peixinho (com as obras “Coração habitado”, “Concerto para harpa”, “Welcom”; “Infolio/para Constança”; e “Music box”) e a composição de Carlos Caires (n. 1968) “Crossfade”.



Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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