Portugal vence Hungria por 3
Já houve tempos em que ganhar o Nobel da Paz era mais difícil. Hoje, como se provou esta semana, é possível fazê-lo mesmo com uma carreira curta e poucas acções concretas. Assim fez ontem Cristiano Ronaldo, líder de uma equipa que prometeu mais do que tem realizado, mas que, na Luz, terá feito as pazes com o seu público. Ronaldo esteve pouco mais de 20 minutos em campo (saiu lesionado), mas desbloqueou o triunfo sobre a Hungria, que fica afastada da corrida pelo play-off. Pelo contrário, Portugal põe um pé nessa fase e volta a depender apenas de si. Uma vitória, quarta-feira, sobre Malta, garante o segundo lugar do Grupo 1.
Sem vencer há quase dois anos em solo luso, a selecção portuguesa começou a ganhar mesmo antes do jogo começar. E a festa iniciou-se nas galerias e corredores do Estádio da Luz, onde os adeptos se concentraram em frente aos televisores que transmitiam o Dinamarca-Suécia. Nas bancadas, também já havia alguns milhares, prontos para aplaudirem os titulares portugueses. Assobios só mesmo para os húngaros e para Carlos Queiroz, cuja imagem nos ecrãs originou uma enorme vaia. Foi uma tempestade rápida porque, poucos segundos depois, os dinamarqueses marcavam em Copenhaga e a Luz festejou como se fosse golo português.
Mendes em vez de Veloso
Eram momentos esquizofrénicos para os 50 mil que compraram bilhete para o Portugal-Hungria mas que só queriam saber do Dinamarca-Suécia. Ronaldo já estava no relvado há três minutos quando o jogo de Copenhaga terminou. O público entendeu então que era hora de ver a selecção fazer o seu trabalho de casa.
Baralhando quem tinha apostado em Miguel Veloso para a posição de “trinco”, Carlos Queiroz colocou Pedro Mendes no lugar de Pepe e promoveu Simão na falta de Tiago. O médio do Rangers nem constava da primeira convocatória, mas provou ser uma boa aposta, pautando-se como um dos melhores.
Porém, o primeiro aluno a destacar-se foi o “capitão” da Hungria, quando Gera pôs Eduardo à prova. Apesar do aviso magiar, Portugal nunca se descompôs e, depois de Ricardo Carvalho ter cabeceado por cima, Simão não desperdiçou um cruzamento perfeito de Ronaldo para o coração da área, agradecendo ainda um erro de Babos. A jogada e assistência de Cristiano Ronaldo era meio golo. Tendo dito na véspera que estava a guardar-se para o Mundial, o “capitão” português deve ter concluído que seria melhor não deixar para amanhã o que podia fazer hoje.
Sentindo-se confortável, a equipa lusa partiu em busca do segundo. Podia tê-lo feito num quase autogolo de Vazdoc ou, logo a seguir, num remate de cabeça de Bruno Alves. Mas quando aos 27’, Ronaldo deixou o campo, queixando-se da lesão que trazia no tornozelo direito, percebeu-se que a lição ia ser mais difícil do que prometia.
Queiroz lançou Nani e o ataque português demorou a reencontrar-se. Aproveitou a Hungria que, nos últimos cinco minutos da primeira parte, esteve perto do empate, num remate de Dzsudzsák que saiu ao lado e numa tentativa de Gera que esbarrou na trave. Eduardo, fora da baliza, ficou mal na fotografia.
Ao intervalo, parecia claro que Portugal tinha sido superior, mas havia algumas debilidades que ameaçavam o sossego de Carlos Queiroz. Uma das razões era Duda, novamente mal em tarefas defensivas, outra era a inadaptação de Liedson ao 4x3x3 a que Queiroz regressou, com alguma surpresa.
No reinício, Portugal não tinha ataque organizado, Nani estava individualista e toda a equipa portuguesa parecia intranquila. Felizmente para Queiroz, Pedro Mendes estava com a corda toda e, dez minutos após o reinício, Liedson deu finalmente um abanão na confiança magiar, quando esteve perto do segundo golo, após cruzamento de Simão.
A partir daí, a equipa de Queiroz retomou o comando e só a oposição de Babos em três ocasiões evitou que Raúl Meireles, Liedson e Nani ampliassem a vantagem. O que acabou mesmo por acontecer, a 15 minutos do fim, por Liedson. À terceira internacionalização, o avançado do Sporting voltou a marcar na Luz, desta vez com a camisola das quinas, assinando o seu segundo golo pela selecção.
Incapaz de dar réplica, a Hungria sofreu o terceiro golo, num belo lance de Simão, que ganhou o direito a dividir o Nobel com Ronaldo.
POSITIVO
Pedro Mendes
Passou de ausente na convocatória a titular e não defraudou quem apostou nele. Teve pulmão para ajudar em todos os lados da defesa e, embora não mostrasse ser um “trinco” à Beckenbauer, integrou-se bem na dinâmica de conjunto. O que não é para qualquer um que tenha estado um ano sem ir à selecção.
NEGATIVO
Nani
Foi quase sempre demasiado individualista.
Hungria
Sem categoria, sem capacidade, sem Mundial. Budapeste já foi a capital do futebol, hoje é um bairro de lata feio, sem alicerces e sem saída.
Fonte: Público
Sem vencer há quase dois anos em solo luso, a selecção portuguesa começou a ganhar mesmo antes do jogo começar. E a festa iniciou-se nas galerias e corredores do Estádio da Luz, onde os adeptos se concentraram em frente aos televisores que transmitiam o Dinamarca-Suécia. Nas bancadas, também já havia alguns milhares, prontos para aplaudirem os titulares portugueses. Assobios só mesmo para os húngaros e para Carlos Queiroz, cuja imagem nos ecrãs originou uma enorme vaia. Foi uma tempestade rápida porque, poucos segundos depois, os dinamarqueses marcavam em Copenhaga e a Luz festejou como se fosse golo português.
Mendes em vez de Veloso
Eram momentos esquizofrénicos para os 50 mil que compraram bilhete para o Portugal-Hungria mas que só queriam saber do Dinamarca-Suécia. Ronaldo já estava no relvado há três minutos quando o jogo de Copenhaga terminou. O público entendeu então que era hora de ver a selecção fazer o seu trabalho de casa.
Baralhando quem tinha apostado em Miguel Veloso para a posição de “trinco”, Carlos Queiroz colocou Pedro Mendes no lugar de Pepe e promoveu Simão na falta de Tiago. O médio do Rangers nem constava da primeira convocatória, mas provou ser uma boa aposta, pautando-se como um dos melhores.
Porém, o primeiro aluno a destacar-se foi o “capitão” da Hungria, quando Gera pôs Eduardo à prova. Apesar do aviso magiar, Portugal nunca se descompôs e, depois de Ricardo Carvalho ter cabeceado por cima, Simão não desperdiçou um cruzamento perfeito de Ronaldo para o coração da área, agradecendo ainda um erro de Babos. A jogada e assistência de Cristiano Ronaldo era meio golo. Tendo dito na véspera que estava a guardar-se para o Mundial, o “capitão” português deve ter concluído que seria melhor não deixar para amanhã o que podia fazer hoje.
Sentindo-se confortável, a equipa lusa partiu em busca do segundo. Podia tê-lo feito num quase autogolo de Vazdoc ou, logo a seguir, num remate de cabeça de Bruno Alves. Mas quando aos 27’, Ronaldo deixou o campo, queixando-se da lesão que trazia no tornozelo direito, percebeu-se que a lição ia ser mais difícil do que prometia.
Queiroz lançou Nani e o ataque português demorou a reencontrar-se. Aproveitou a Hungria que, nos últimos cinco minutos da primeira parte, esteve perto do empate, num remate de Dzsudzsák que saiu ao lado e numa tentativa de Gera que esbarrou na trave. Eduardo, fora da baliza, ficou mal na fotografia.
Ao intervalo, parecia claro que Portugal tinha sido superior, mas havia algumas debilidades que ameaçavam o sossego de Carlos Queiroz. Uma das razões era Duda, novamente mal em tarefas defensivas, outra era a inadaptação de Liedson ao 4x3x3 a que Queiroz regressou, com alguma surpresa.
No reinício, Portugal não tinha ataque organizado, Nani estava individualista e toda a equipa portuguesa parecia intranquila. Felizmente para Queiroz, Pedro Mendes estava com a corda toda e, dez minutos após o reinício, Liedson deu finalmente um abanão na confiança magiar, quando esteve perto do segundo golo, após cruzamento de Simão.
A partir daí, a equipa de Queiroz retomou o comando e só a oposição de Babos em três ocasiões evitou que Raúl Meireles, Liedson e Nani ampliassem a vantagem. O que acabou mesmo por acontecer, a 15 minutos do fim, por Liedson. À terceira internacionalização, o avançado do Sporting voltou a marcar na Luz, desta vez com a camisola das quinas, assinando o seu segundo golo pela selecção.
Incapaz de dar réplica, a Hungria sofreu o terceiro golo, num belo lance de Simão, que ganhou o direito a dividir o Nobel com Ronaldo.
POSITIVO
Pedro Mendes
Passou de ausente na convocatória a titular e não defraudou quem apostou nele. Teve pulmão para ajudar em todos os lados da defesa e, embora não mostrasse ser um “trinco” à Beckenbauer, integrou-se bem na dinâmica de conjunto. O que não é para qualquer um que tenha estado um ano sem ir à selecção.
NEGATIVO
Nani
Foi quase sempre demasiado individualista.
Hungria
Sem categoria, sem capacidade, sem Mundial. Budapeste já foi a capital do futebol, hoje é um bairro de lata feio, sem alicerces e sem saída.
Fonte: Público