Caos com Federer e Potro nas meias
Djokovic bate Nadal e espera pelo desfecho do encontro da sessão nocturna entre Soderling e Davydenko. Ontem, numa noite louca em Londres, o destino de três jogadores esteve preso por um mero ponto. O suíço e o argentino seguem em frente, Murray ficou de fora.
Na sessão da tarde da jornada de sexta-feira – o último dia da fase de grupos – o sérvio Novak Djokovic bateu o espanhol Rafael Nadal por 7-6 e 6-3, ficando agora à espera pelo encontro da sessão nocturna entre o sueco Robin Soderling e o russo Nikolay Davydenko para conhecer a sua sorte no Grupo B. Soderling já está (surpreendentemente) qualificado para as meias-finais, mas Djokovic precisa que derrote Davydenko para que ele próprio continue em prova. Se Davydenko ganhar, então será o russo a acompanhar o sueco no acesso às meias-finais, onde já estão Roger Federer e Juan Martin del Potro, depois de uma noitada de quinta-feira que acabou em caos…
RÍDICULO
A situação teve mesmo foros de ridicularia e quem ficou mal foi o ATP, porque a falha de comunicação relativamente aos jogadores foi grave – é que, na sala de imprensa, já todos sabiam quem tinha passado ou não…
De facto, foi inverosímil o modo como a jornada se concluiu na O2 Arena em Londres. Em jogo estava o acesso às meias-finais. Frente-a-frente jogavam Roger Federer e Juan Martin Del Potro num duelo que tinha um terceiro protagonista: o escocês Andy Murray, que estava dependente do resultado do encontro entre o campeoníssimo suíço e o emergente argentino.
As combinações para determinar os dois qualificados eram muitas, mas o rumo do encontro tornou a situação ainda mais dramática – e, no final, Del Potro bateu Federer por 6-2, 6-7 e 6-3… passando ambos às meias-finais e deixando Murray de fora, provavelmente com as unhas das mãos e dos pés completamente roídas atendendo ao sensacional evoluir do marcador.
Atente-se bem ao cenário que se verificava imediatamente antes do encontro da sessão nocturna e depois de Andy Murray, à tarde, ter batido o espanhol Fernando Verdasco por 6-4, 6-7 e 7-6:
-- se Federer ganhasse a Del Potro em dois ou três sets, passavam ele e Murray;
-- se Del Potro ganhasse a Federer em dois sets, passavam ele e Murray
-- se Del Potro ganhasse em três partidas, haveria lugar a um desempate tripartido através do número de jogos conquistados em cada set jogado pelos três no seu grupo desde o início da competição.
ATÉ CARLOS TEVEZ JOGOU!
Pois bem, o gigante argentino ganhou a primeira partida e o segundo set desembocou num tie-break em que Del Potro esteve a liderar por 5-4 – nessa altura, estava ele a dois pontos da tal vitória em dois sets e, consequentemente, também Murray estava a dois pontos das meias-finais e Federer à beira de ficar fora das semifinais. Mas o gigante das Pampas meteu uma bola fácil na rede e Federer ganhou os pontos seguintes, levando o encontro para a terceira partida e abrindo novamente todos os cenários possíveis de apuramento entre os três.
O suíço foi mesmo o primeiro a conseguir qualificar-se para as meias-finais, ao ganhar o seu primeiro jogo para fazer 1-1 na terceira partida – nem ele sabia, no court, que já estava apurado. A contabilidade era tão complicada que até na sala de imprensa não havia unanimidade e a efervescência era máxima, sobretudo entre os jornalistas britânicos, suíços e argentinos.
Entretanto, os serviços de imprensa do ATP libertaram a informação de que o argentino teria obrigatoriamente de ganhar o terceiro set por 6-0, 6-1, 6-2 ou 6-3 – porque mesmo que ganhasse por 6-4, 7-5 ou 7-6 (ou, evidentemente, se Federer ganhasse o encontro), ficaria fora das meias-finais e seria Murray a qualificar-se.
Com o resultado em 3-3, surgiu então o momento chave. Federer dispôs de três pontos de break, a 15-40, a 30-40, e depois com vantagem sua. Ou seja, nessa altura Murray esteve por três vezes a um mero ponto das meias-finais. Mas Del Potro aguentou-se bem, resgatou esse dificílimo jogo de serviço e… logo a seguir quebrou o saque do suíço para depois selar o encontro a seu favor com um ás! E depois entregou a sua camisola ao compatriota Carlos Tevez, o futebolista do Manchester City que, tal como as grandes vedetas da Premier League, tem acompanhado o torneio in loco ao longo da semana.
O mais incrível foi que Del Potro ficou no court à espera de saber o seu destino; enquanto esperava, o seu amigo Carlos Tevez, antigo companheiro de Cristiano Ronaldo no Manchester United, baixou ao court e ensaiou umas jogadas; como não se deu bem com a raqueta, desatou a dar toques com o pé numa bola de ténis, para gáudio dos espectadores que ainda estavam na O2 Arena…
DIGNO DE HITCHCOK
O suspense foi absoluto. Hitchcok não faria melhor! Foi caricato ver que, quando se cumprimentaram à rede, nem Del Potro nem Federer sabiam quem tinha passado – e o público (17.500 espectadores in loco) muito menos. «Perguntei-lhe: “passaste às meias-finais?”, e ele respondeu-me “acho que não”, contou Federer. O próprio argentino confirmou depois: «Só soube que tinha passado 25 minutos depois do encontro, quando o meu treinador Franco Davin me contou. Ninguém sabia o que se estava a passar…».
Explicando a situação em números, o Grupo A encerrou com três jogadores com duas vitórias e uma derrota e 5 sets ganhos e 4 perdidos; escalpelizando, Federer ficou em primeiro lugar porque ganhou nesses sets 44 jogos e perdeu 39, Del Potro ganhou 45 e perdeu 43; Murray ficou de fora com 44 jogos ganhos e 43 perdidos! E Verdasco poderia ter ganho qualquer um dos três encontros que perdeu!
Durante a tarde, e em mais um titânico duelo na entusiasmada Arena O2 que teve a duração de três horas (!), o herói local Andy Murray teve o destino nas suas mãos… mal sabia ele então que um mero jogo (nem sequer um mero set) lhe iria custar a presença nas meias-finais. Complicou as suas contas ao derrotar um galhardo Fernando Verdasco apenas pelos equilíbradissimos parciais 6-4, 6-7 e 7-6.
Se o jovem escocês tivesse ganho em apenas dois sets, teria resolvido a questão e não andou longe de o conseguir no tie-break da segunda partida. Mas não logrou aproveitar os inúmeros break-points de que dispôs: só concretizou 1 em 13! Quanto ao espanhol, fica ingloriamente afastado na fase inicial da prova, embora com mais mérito do que o compatriota Rafael Nadal (que no Grupo B perdeu os dois encontros já jogados em apenas dois sets): o esquerdino madrileno perdeu somente por 7-6 no terceiro set tanto com Murray como com Juan Martin del Potro, e sucumbiu diante de Roger Federer por 6-1 também na partida decisiva.
DJOKOVIC À ESPERA…
Dos 11 encontros realizados no torneio até ao momento, 8 foram decididos em três sets. Dos outros quatro, Rafael Nadal perdeu três em duas partidas – ou seja, o espanhol não ganhou um único set em três encontros no torneio!
Estará a perder a sua aura? O certo é que Djokovic, se acabar por vencer a competição, lhe rouba o segundo lugar na hierarquia mundial. Mas primeiro tem de esperar pelo confronto das 20h45 entre Soderling e Davydenko…
É certo que Nadal já está eliminado, mas ainda tem uma palavra a dizer no que diz respeito ao elenco das meias-finais. Pode ser o desmancha-prazeres de Novak Djokovic, com quem joga pelas 14h15 desta sexta-feira. Nesta altura, tanto o sérvio como Nikolay Davydenko, que pelas 20h45 mede forças com o já apurado sueco Robin Soderling, têm uma vitória e uma derrota cada, mas Davydenko apresenta um melhor set-average…
O que já se sabe é que Federer defronta nas meias-finais de sábado o segundo classificado do Grupo B, enquanto Del Potro mede forças com o primeiro.
Fonte: Correio da Manhã
Na sessão da tarde da jornada de sexta-feira – o último dia da fase de grupos – o sérvio Novak Djokovic bateu o espanhol Rafael Nadal por 7-6 e 6-3, ficando agora à espera pelo encontro da sessão nocturna entre o sueco Robin Soderling e o russo Nikolay Davydenko para conhecer a sua sorte no Grupo B. Soderling já está (surpreendentemente) qualificado para as meias-finais, mas Djokovic precisa que derrote Davydenko para que ele próprio continue em prova. Se Davydenko ganhar, então será o russo a acompanhar o sueco no acesso às meias-finais, onde já estão Roger Federer e Juan Martin del Potro, depois de uma noitada de quinta-feira que acabou em caos…
RÍDICULO
A situação teve mesmo foros de ridicularia e quem ficou mal foi o ATP, porque a falha de comunicação relativamente aos jogadores foi grave – é que, na sala de imprensa, já todos sabiam quem tinha passado ou não…
De facto, foi inverosímil o modo como a jornada se concluiu na O2 Arena em Londres. Em jogo estava o acesso às meias-finais. Frente-a-frente jogavam Roger Federer e Juan Martin Del Potro num duelo que tinha um terceiro protagonista: o escocês Andy Murray, que estava dependente do resultado do encontro entre o campeoníssimo suíço e o emergente argentino.
As combinações para determinar os dois qualificados eram muitas, mas o rumo do encontro tornou a situação ainda mais dramática – e, no final, Del Potro bateu Federer por 6-2, 6-7 e 6-3… passando ambos às meias-finais e deixando Murray de fora, provavelmente com as unhas das mãos e dos pés completamente roídas atendendo ao sensacional evoluir do marcador.
Atente-se bem ao cenário que se verificava imediatamente antes do encontro da sessão nocturna e depois de Andy Murray, à tarde, ter batido o espanhol Fernando Verdasco por 6-4, 6-7 e 7-6:
-- se Federer ganhasse a Del Potro em dois ou três sets, passavam ele e Murray;
-- se Del Potro ganhasse a Federer em dois sets, passavam ele e Murray
-- se Del Potro ganhasse em três partidas, haveria lugar a um desempate tripartido através do número de jogos conquistados em cada set jogado pelos três no seu grupo desde o início da competição.
ATÉ CARLOS TEVEZ JOGOU!
Pois bem, o gigante argentino ganhou a primeira partida e o segundo set desembocou num tie-break em que Del Potro esteve a liderar por 5-4 – nessa altura, estava ele a dois pontos da tal vitória em dois sets e, consequentemente, também Murray estava a dois pontos das meias-finais e Federer à beira de ficar fora das semifinais. Mas o gigante das Pampas meteu uma bola fácil na rede e Federer ganhou os pontos seguintes, levando o encontro para a terceira partida e abrindo novamente todos os cenários possíveis de apuramento entre os três.
O suíço foi mesmo o primeiro a conseguir qualificar-se para as meias-finais, ao ganhar o seu primeiro jogo para fazer 1-1 na terceira partida – nem ele sabia, no court, que já estava apurado. A contabilidade era tão complicada que até na sala de imprensa não havia unanimidade e a efervescência era máxima, sobretudo entre os jornalistas britânicos, suíços e argentinos.
Entretanto, os serviços de imprensa do ATP libertaram a informação de que o argentino teria obrigatoriamente de ganhar o terceiro set por 6-0, 6-1, 6-2 ou 6-3 – porque mesmo que ganhasse por 6-4, 7-5 ou 7-6 (ou, evidentemente, se Federer ganhasse o encontro), ficaria fora das meias-finais e seria Murray a qualificar-se.
Com o resultado em 3-3, surgiu então o momento chave. Federer dispôs de três pontos de break, a 15-40, a 30-40, e depois com vantagem sua. Ou seja, nessa altura Murray esteve por três vezes a um mero ponto das meias-finais. Mas Del Potro aguentou-se bem, resgatou esse dificílimo jogo de serviço e… logo a seguir quebrou o saque do suíço para depois selar o encontro a seu favor com um ás! E depois entregou a sua camisola ao compatriota Carlos Tevez, o futebolista do Manchester City que, tal como as grandes vedetas da Premier League, tem acompanhado o torneio in loco ao longo da semana.
O mais incrível foi que Del Potro ficou no court à espera de saber o seu destino; enquanto esperava, o seu amigo Carlos Tevez, antigo companheiro de Cristiano Ronaldo no Manchester United, baixou ao court e ensaiou umas jogadas; como não se deu bem com a raqueta, desatou a dar toques com o pé numa bola de ténis, para gáudio dos espectadores que ainda estavam na O2 Arena…
DIGNO DE HITCHCOK
O suspense foi absoluto. Hitchcok não faria melhor! Foi caricato ver que, quando se cumprimentaram à rede, nem Del Potro nem Federer sabiam quem tinha passado – e o público (17.500 espectadores in loco) muito menos. «Perguntei-lhe: “passaste às meias-finais?”, e ele respondeu-me “acho que não”, contou Federer. O próprio argentino confirmou depois: «Só soube que tinha passado 25 minutos depois do encontro, quando o meu treinador Franco Davin me contou. Ninguém sabia o que se estava a passar…».
Explicando a situação em números, o Grupo A encerrou com três jogadores com duas vitórias e uma derrota e 5 sets ganhos e 4 perdidos; escalpelizando, Federer ficou em primeiro lugar porque ganhou nesses sets 44 jogos e perdeu 39, Del Potro ganhou 45 e perdeu 43; Murray ficou de fora com 44 jogos ganhos e 43 perdidos! E Verdasco poderia ter ganho qualquer um dos três encontros que perdeu!
Durante a tarde, e em mais um titânico duelo na entusiasmada Arena O2 que teve a duração de três horas (!), o herói local Andy Murray teve o destino nas suas mãos… mal sabia ele então que um mero jogo (nem sequer um mero set) lhe iria custar a presença nas meias-finais. Complicou as suas contas ao derrotar um galhardo Fernando Verdasco apenas pelos equilíbradissimos parciais 6-4, 6-7 e 7-6.
Se o jovem escocês tivesse ganho em apenas dois sets, teria resolvido a questão e não andou longe de o conseguir no tie-break da segunda partida. Mas não logrou aproveitar os inúmeros break-points de que dispôs: só concretizou 1 em 13! Quanto ao espanhol, fica ingloriamente afastado na fase inicial da prova, embora com mais mérito do que o compatriota Rafael Nadal (que no Grupo B perdeu os dois encontros já jogados em apenas dois sets): o esquerdino madrileno perdeu somente por 7-6 no terceiro set tanto com Murray como com Juan Martin del Potro, e sucumbiu diante de Roger Federer por 6-1 também na partida decisiva.
DJOKOVIC À ESPERA…
Dos 11 encontros realizados no torneio até ao momento, 8 foram decididos em três sets. Dos outros quatro, Rafael Nadal perdeu três em duas partidas – ou seja, o espanhol não ganhou um único set em três encontros no torneio!
Estará a perder a sua aura? O certo é que Djokovic, se acabar por vencer a competição, lhe rouba o segundo lugar na hierarquia mundial. Mas primeiro tem de esperar pelo confronto das 20h45 entre Soderling e Davydenko…
É certo que Nadal já está eliminado, mas ainda tem uma palavra a dizer no que diz respeito ao elenco das meias-finais. Pode ser o desmancha-prazeres de Novak Djokovic, com quem joga pelas 14h15 desta sexta-feira. Nesta altura, tanto o sérvio como Nikolay Davydenko, que pelas 20h45 mede forças com o já apurado sueco Robin Soderling, têm uma vitória e uma derrota cada, mas Davydenko apresenta um melhor set-average…
O que já se sabe é que Federer defronta nas meias-finais de sábado o segundo classificado do Grupo B, enquanto Del Potro mede forças com o primeiro.
Fonte: Correio da Manhã