Cérebro luso em "Avatar"


Soho, Londres, Inglaterra. Foi no núcleo por excelência da indústria de efeitos especiais da Europa que um português se destacou na produção de "Avatar". O novo filme de James Cameron está a chegar às salas. João Montenegro é nome que consta da fidedigna base de dados "Internet Movie Database". E não apenas associado a um filme. Na verdade, foi com "A lenda de Despereaux" que João deixou de ser apenas um engenheiro do Porto que tinha feito um mestrado em Londres. A Framestore, maior empresa europeia de efeitos especiais, chamou-o e deu-lhe a escolher entre enveredar pela área científica ou entrar na produção de um filme, e foi isto que João escolheu. E foi assim que tudo começou.

O primeiro trabalho valeu-lhe o estatuto de melhor "newcomer" (novato, estreante) e talvez tenha sido isso a ditar a passagem a chefe de equipa no filme seguinte: nada mais, nada menos, do que "Avatar", que marca o regresso de James Cameron após o mega sucesso que foi "Titanic". Dia 17 de Dezembro, chega às salas portuguesas.

Com uma equipa que inclui mais seis pessoas, João desenvolveu para a Framestore um software específico que, dito de forma simples, tem a ver com a interligação do trabalho feito pelas distintas equipas de efeitos especiais. Não de todo o filme, pois a Framestore apenas fez a secção que corresponde à base dos humanos em Pandora. "É um processo muito complicado", garante.

Trabalhou muitas vezes das nove da manhã até à meia-noite. Agora, com orgulho mas sobretudo com humildade, refere-se ao filme como o "mais ambicioso em termos de efeitos especiais de sempre, mesmo a puxar os limites da tecnologia". Porque as imagens são fotorrealistas e, também, porque "as personagens são cheias de vida, de movimentos naturais que qualquer pessoa faria", afirma.

"Dizem que este filme é revolucionário. Acho que vai ser mais 'evolucionário' do que revolucionário. Não há nada de fundamentalmente novo a ser feito, simplesmente há mais e melhor", acrescenta. Diz ainda que "Avatar" tem a particularidade de a maior parte dos extraterrestres ter sido "capturada por actores reais, o que é muito inovador no filme". Ou seja, o realizador decidiu usar actores reais num estúdio cheio de sensores e o resultado dos seus movimentos é usado para os extraterrestres. "Neste filme, é perfeito", conclui.

João Montenegro decidiu agora afastar-se da correria que é a produção de efeitos especiais. Continua na empresa e a desenvolver ferramentas de software, mas não esconde a vontade de, mais tarde, vir a dedicar-se à investigação.





Fonte: JN

POSTED BY Mari
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