Governo ataca PSD e responde a Cavaco


No final do debate do programa do Governo, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros considerou "um erro" fazer do endividamento externo uma prioridade. Luís Amado dirigiu-se ao PSD mas o destinatário foi Cavaco.

As preocupações do presidente da República em relação ao endividamento externo são públicas e reiteradas. A tal ponto que foram centrais no discurso de posse do Governo. Sócrates nunca respondeu directamente a Cavaco Silva, mas ontem, o nº2 da hierarquia do Executivo, Luís Amado, foi claro: "O aumento do défice público e da dívida externa é preocupante, mas seria um erro transformar a redução numa prioridade, porque a solução está no crescimento económico, na criação de emprego e do incremento das exportações". Por isso, disse, dirigindo-se para o PSD, "é preciso investir" e não parar.

A bancada social-democrata, que acusou de ser agora "mais neoliberal" e de não ter um rumo devido à inconstância das lideranças do partido, foi o alvo central escolhido pelo ministro para atacar a Oposição. Para a Esquerda, limitou-se a considerar que BE e PCP são "arrogantes". Pelo contrário, disse que a Direita tem "especiais obrigações" de contribuir para estabilidade governativa. Lamentou que o diálogo não tivesse sido possível antes da formação do Governo. Agora, disse, "os dados estão lançados" e o "sentido de responsabilidade dos partidos será posto à prova, lei a lei".

Em linha com o tom genérico dos dois dias de debate, toda a Oposição, que acusou Sócrates de simular o diálogo, rejeitou responsabilidade numa eventual instabilidade governativa, um papão que começou a ser encenado pelo PS. (ler caixa).

José Pedro Aguiar-Branco, líder parlamentar do PSD, disse e repetiu no seu discurso de ontem que "a maioria absoluta é do Parlamento" e que , por isso, Sócrates "tem de saber ouvir".

Pelo CDS-PP o fecho do debate coube a Telmo Correia, que, em síntese, avisou que o Governo "não tem nem pode ter estado de graça". Mas na linha de lançamento de pontes para acordos futuros expressa no dia anterior por Portas, prometeu "benefício da dúvida para os próximos debates".

O tom da Esquerda foi dado pelo ex-líder da bancada bloquista, Luís Fazenda, ao avisar que o BE "não é uma carruagem de um pendular que anda entre a Esquerda e Direita". O comunista Francisco Lopes rejeitou a "autêntica chantagem do fantasma de uma futura maioria absoluta". A mensagem dos Verdes foi deixada por José Luís Ferreira ao denunciar a "longa distância entre o dito e o que se pratica".

No final do debate, investido o Governo sem moções de rejeição ou de confiança, o presidente da Parlamento, Jaime Gama, não resistiu a deixar o recado: "Esta Assembleia estará necessariamente empenhada nos consensos".



Fonte: JN

07
nov 2009
POSTED BY Joana Vieira
POSTED IN
DISCUSSION