Obama em Singapura
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou hoje, Sábado, a Singapura para participar na cimeira do Fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico, na segunda etapa do seu périplo asiático, que também o levará à China.
O avião Air Force One de Obama aterrou cerca das 20:00 locais (12:00 em Lisboa) na base militar Paya Lebar da cidade Estado, tendo o líder norte-americano previsto juntar-se à última da hora ao jantar de gala dos dignitários do bloco regional.
Obama iniciou sexta-feira o seu périplo asiático no Japão e na próxima semana visitará a China.
Em Singapura, além de tomar parte no encontro do Fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), está previsto que mantenha uma série de encontros bilaterais e se reúna com os dez chefes de Estado ou de governo da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ANSEA).
É a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos participa numa cimeira com os países da ANSEA, onde estará presente o primeiro-ministro birmanês, o tenente general Thein Sein.
Washington rejeitou sempre participar em actos onde estivessem presentes representantes da Junta Militar birmanesa, mas a Casa Branca aposta agora numa nova política de "distensão" para obter reformas democráticas naquele país, governado pelos militares desde 1962.
Os líderes do Fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC) aguardavam com expectativa a chegada a Singapura de Barack Obama, criticado por não ter cumprido a sua promessa de promover a liberalização do comércio mundial.
Vários líderes do bloco regional acusam também o inquilino da Casa Branca de não ter concretizado a promessa de relançar as negociações da Ronda de Doha e de procurar com isso uma saída para uma recessão cada vez mais ameaçada pela sombra do proteccionismo.
O presidente do México, Felipe Calderón, afirmou que "as barreiras fiscais estão a matar as empresas norte-americanas" no NAFTA, sector de livre comércio compartilhado pelos dois países e Canadá.
"O paradoxo é que numa economia global, o que realmente mata as empresas é a ineficácia e a falta de competência", explicou Calderón, que atribuiu esta disfunção ao facto de Obama estar "sob uma forte pressão política à qual não tem conseguido reagir".
O presidente chinês, Hu Jintao, também se queixou sexta-feira de as suas empresas enfrentarem ainda obstáculos para entrar ao mercado dos Estados Unidos na sequência da forte pressão dos sindicatos e por razões de segurança nacional em sectores como o armamento.
Por seu turno, o líder russo, Dmitri Medvédev, afirmou em Singapura que o proteccionismo "é apenas uma solução de curto prazo" e sublinhou ser necessário reactivar a Ronda de Doha porque o "acesso dos países emergentes aos mercados internacionais é a garantia do seu futuro de desenvolvimento".
Durante as reuniões da APEC, foi consensual que a melhor forma de combater contra o proteccionismo é aprovar sem fissuras as negociações para liberalizar o comércio mundial com vista a estender os benefícios do crescimento às nações pobres ou em via de desenvolvimento através da eliminação dos obstáculos ao intercâmbio de bens e serviços.
Esta posição é apoiada pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
As conversações da Ronda de Doha estão em impasse desde 2005 e fracassarão antes do próximo ano próximo se todas as partes implicadas não usarem de uma "flexibilidade máxima" nas suas posições enquistadas pela confrontação entre países industrializados conduzidos pelos Estados Unidos e emergentes dirigidos pela China e Índia.
Antes de viajar para Singapura, Barack Obama reafirmou o compromisso dos Estados Unidos de desatolar as negociações sobre o livre comércio, ao mesmo tempo que incitou a China e outras economias asiáticas a incrementarem a sua procura interna e deixarem de depender tanto dos consumidores norte-americanos.
Segundo os peritos, embora a economia norte-americana tenha conhecido uma melhoria notável, trata-se apenas de um degrau e não um passo definitivo para a recuperação, porque a taxa de desemprego continua acima dos dez por cento, entre outros referenciais.
Esta situação levou a que os Estados Unidos quisessem partilhar com a China a responsabilidade de arrastar o mundo para sair da crise.
Barack Obama sublinhou em Tóquio que não teme a ascensão da China e sublinhou que este país não representa uma ameaça, antes uma oportunidade para os Estados Unidos.
Fonte: JN