Aminatu Haidar foi hospitalizada


Ao início do dia 32 a água e açúcar a activista sarauí Aminatu Haidar foi hospitalizada de forma voluntária. Com fortes dores abdominais causadas pelas náuseas que nos últimos dias se tornaram constantes, está agora a ser hidratada apenas com água, não com soro, e não será alimentada.

Como há dias temiam os membros da Plataforma de Apoio a Aminatu que a acompanham mais de perto, Haidar, de 42 anos, vai continuar em greve de fome numa cama de hospital, nos cuidados intensivos. As forças da activista, expulsa por Marrocos para a ilha de Lanzarote, nas Canárias, a 14 de Novembro, começavam a faltar.

Haidar foi levada para o hospital antes da uma da manhã. Ficará agora internada no principal hospital da ilha, dirigido por Domingo Guzmán, o médico que a acompanhou entre dia 17 de Novembro e dia 6 de Dezembro. Nesse dia, Haidar decidiu deixar de ter acompanhamento médico em protesto contra a visita de um juiz e de um médico forense que forçaram a entrada no quarto da estação de autocarros do aeroporto, na qual viveu até ao início desta madrugada.

Hoje Haidar cumpre o dia 32 da sua greve de fome, o mesmo número de dias da sua última greve, em 2005, quando foi presa por Marrocos. A esta greve chegou com vários problemas de saúde, incluindo uma úlcera no estômago, a principal preocupação de Guzmán, como este expressou numa conversa com o PÚBLICO sexta-feira passada.

Descansando o mais que podia, movendo-se sempre para fora do quarto em cadeira de rodas para conservar as forças, Haidar tinha há muitos dias dores de cabeça constantes e muitas náuseas.

Poucas horas antes da hospitalização, a sarauí, presidente de uma ONG que luta pelos direitos humanos dos sarauís, recebeu a visita da sua irmã mais nova, Leila. Esta encontrava-se há alguns dias na ilha de Gran Canaria, à espera de um visto para entrar em Espanha e voar até Lanzarote.

A semana passada foram interrompidos os voos regulares entre Lanzarote e El Ayoun, a capital administrativa do Sara Ocidental, onde vive a família de Haidar e onde ela própria tentava regressar quando foi expulsa.

Ontem, o Congresso espanhol aprovou por fim uma resolução que critica a atitude de Marrocos, que se recusa a deixá-la regressar, sustentando que ela renegou a sua nacionalidade marroquina ao escrever “Sara Ocidental” em vez de “Marrocos” no espaço da morada de um documento de desembarque. Depois do voto dos deputados, o primeiro-ministro, José Rodríguez Zapatero afirmou-se convencido de que a solução está cada vez mais próxima.



Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
POSTED IN
DISCUSSION