Berlusconi passa noite no hospital


O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, passou a noite de ontem para hoje no hospital milanês de San Raffaelle, a recuperar de uma agressão - ontem, após um comício - em que um homem o atingiu na cara com uma estatueta e o deixou com o nariz partido, o lábio rachado e menos dois dentes.

O atacante foi identificado como Massimo Tartaglia, de 42 anos, e tem um historial clínico de doenças mentais de acordo com a agência noticiosa italiana Ansa. Foi detido e formalmente acusado de agressões corporais agravadas. Tartaglia aproximara-se de Berlusconi quando o chefe de Governo estava a dar autógrafos e agrediu-o na cara com uma pequena réplica metálica da catedral de Milão, daquelas que se compram em qualquer quiosque da cidade.

Berlusconi, de 73 anos, pediu para ler os jornais diários assim que acordou. É aguardado um relatório clínico sobre o seu estado de saúde hoje pelo meio-dia, a ser emitido pelos médicos que o assistem em San Raffaelle.

O médico pessoal de Berlusconi, Alberto Zangrillo, foi adiantado já que serão necessárias “algumas semanas” até que o primeiro-ministro recupere da agressão, precisando que “Il Cavalieri” não precisou de ser submetido a qualquer cirurgia. “Ele sofreu um trauma profundo na cara, sofrendo dois ferimentos evidentes no lábio superior, um interno e outro externo, que tiveram de ser suturados”, adiantou, avançando ainda que o primeiro-ministro não deu ainda conta exactamente do que lhe aconteceu.

Imagens captadas durante a agressão mostram Berlusconi de cara ensanguentada e confuso com o que se passava à sua volta. Foi prontamente ajudado pelos guarda-costas e levado para um carro que o conduziu então ao hospital – não sem antes Berlusconi ter ainda tentado sair do automóvel para mostrar que se encontrava bem.

O ataque foi já veementemente condenado pelo Presidente italiano, Giorgio Napolitano, ao mesmo tempo que um dos grandes aliados conservadores de Berlusconi, Gianfranco Fini, descreveu o incidente como “muito mau para a Itália”: “É dever de todas as forças políticas garantir que não voltamos aos anos da violência”, exortou. O líder da Liga do Norte (extrema direita) foi ainda mais longe, avaliando que o ataque ao primeiro-ministro constituiu um “acto de terrorismo”.

Ao fim de meses de repetidos e crescentes escândalos minando a sua imagem pública – desde suspeitas de envolvimento com a máfia, a uma série de casos de alegada corrupção e envolvimento com prostitutas – o chefe de Governo é cada vez mais uma figura profundamente polarizada na sociedade italiana, gerando amores e ódios. Há apenas uma semana, milhares de pessoas saíram às ruas de Roma para um protesto que chamaram Dia Não a Berlusconi.




Fonte: Público

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