Emprego recupera em 4 anos
A recuperação económica que já se vislumbra pelo Mundo só deverá sentir-se no emprego dentro de quatro anos, nos países mais desenvolvidos como Portugal.
Enquanto isso, cresce o risco de disparar o desemprego de longa duração. Com a depressão generalizada do mercado laboral, os salários emagrecem e os consumidores perdem confiança, deixando as empresas sem clientes para os seus produtos e serviços. Assim se atrasa a recuperação económica e, em consequência, do próprio emprego, conclui a Organização Internacional do Trabalho (OIT), num relatório sobre o impacto da crise no mercado laboral.
O risco de que as duas crises - da economia e do emprego - se eternizarem pode (e deve, diz a OIT) ser combatido com novas medidas de apoio dos Estados e a manutenção das actuais. "A crise global de emprego não acabou. É, por isso, crucial evitar estratégias prematuras de saída" das ajudas públicas, disse Raymond Torres. O director do Instituto Internacional para Estudos Laborais da OIT e principal autor do relatório ontem divulgado diz, portanto, que a recuperação económica continuará frágil enquanto a crise no emprego persistir.
Quando se fala de crise no trabalho, não basta olhar para o desemprego, mas sim para a qualidade do emprego existente, diz a OIT. É o caso dos cinco milhões de pessoas que só trabalham porque o Estado subsidia a empresa. Sem isso, iriam juntar-se às 20 milhões que ficaram desempregadas desde o início da crise.
E a OIT faz mais contas de somar: se os Estados retirarem os apoios ou não os ajustarem às necessidades das empresas, poderá chegar aos 43 milhões o número de pessoas em risco de ficarem excluídas do mercado laboral: ou porque se juntam às fileiras dos desempregados de longa duração (que dificilmente voltam a trabalhar) ou porque simplesmente desistem de procurar emprego.
A Organização Internacional do Trabalho reconhece que os apoios públicos estão a elevar os défices e a dívida dos países a níveis raras vezes vistos, mas, diz, esse não é argumento para acabar com eles. Pelo contrário, afirma: os apoios ajudam a economia real e, com isso, ajudarão as finanças dos países a regressar aos valores anteriores à crise, a médio prazo.
Dos 51 países analisados pela OIT, foi em Portugal que o trabalho a tempo parcial mais baixou. Estes trabalhadores, bem como os que passam recibo verde ou estão a prazo, são os primeiras a sentir os efeitos da crise. É uma questão cultural, já que, por cá, só recorre a trabalho a tempo parcial quem não consegue um a tempo inteiro.
Ao contrário, nos países do Norte da Europa ou nos Estados Unidos, é comum as pessoas (sobretudo mulheres) trabalharem só a meio tempo. E, nesse países, este género de emprego disparou, desde o início da crise.
Imposto sobre carbono para criar trabalho
A crise deveria ser aproveitada para investir no ambiente, acredita a OIT, que sugere a criação de uma taxa sobre o dióxido de carbono.
Se as empresas tivessem que pagar pela poluição que causam e se esse dinheiro fosse usado para baixar os impostos sobre o trabalho, poderiam ser criados mais de 14 milhões de empregos em todo o mundo.
Ainda assim, o processo seria delicado e demorado, atendendo a que, hoje, mais de um terço dos empregos existentes no mundo (600 milhões) estão ligados a indústrias altamente poluentes. Seriam precisas "políticas de emprego decentes" que dessem aos trabalhadores as qualificações necessárias para ocupar os novos postos de trabalho.
Fonte: JN
Enquanto isso, cresce o risco de disparar o desemprego de longa duração. Com a depressão generalizada do mercado laboral, os salários emagrecem e os consumidores perdem confiança, deixando as empresas sem clientes para os seus produtos e serviços. Assim se atrasa a recuperação económica e, em consequência, do próprio emprego, conclui a Organização Internacional do Trabalho (OIT), num relatório sobre o impacto da crise no mercado laboral.
O risco de que as duas crises - da economia e do emprego - se eternizarem pode (e deve, diz a OIT) ser combatido com novas medidas de apoio dos Estados e a manutenção das actuais. "A crise global de emprego não acabou. É, por isso, crucial evitar estratégias prematuras de saída" das ajudas públicas, disse Raymond Torres. O director do Instituto Internacional para Estudos Laborais da OIT e principal autor do relatório ontem divulgado diz, portanto, que a recuperação económica continuará frágil enquanto a crise no emprego persistir.
Quando se fala de crise no trabalho, não basta olhar para o desemprego, mas sim para a qualidade do emprego existente, diz a OIT. É o caso dos cinco milhões de pessoas que só trabalham porque o Estado subsidia a empresa. Sem isso, iriam juntar-se às 20 milhões que ficaram desempregadas desde o início da crise.
E a OIT faz mais contas de somar: se os Estados retirarem os apoios ou não os ajustarem às necessidades das empresas, poderá chegar aos 43 milhões o número de pessoas em risco de ficarem excluídas do mercado laboral: ou porque se juntam às fileiras dos desempregados de longa duração (que dificilmente voltam a trabalhar) ou porque simplesmente desistem de procurar emprego.
A Organização Internacional do Trabalho reconhece que os apoios públicos estão a elevar os défices e a dívida dos países a níveis raras vezes vistos, mas, diz, esse não é argumento para acabar com eles. Pelo contrário, afirma: os apoios ajudam a economia real e, com isso, ajudarão as finanças dos países a regressar aos valores anteriores à crise, a médio prazo.
Dos 51 países analisados pela OIT, foi em Portugal que o trabalho a tempo parcial mais baixou. Estes trabalhadores, bem como os que passam recibo verde ou estão a prazo, são os primeiras a sentir os efeitos da crise. É uma questão cultural, já que, por cá, só recorre a trabalho a tempo parcial quem não consegue um a tempo inteiro.
Ao contrário, nos países do Norte da Europa ou nos Estados Unidos, é comum as pessoas (sobretudo mulheres) trabalharem só a meio tempo. E, nesse países, este género de emprego disparou, desde o início da crise.
Imposto sobre carbono para criar trabalho
A crise deveria ser aproveitada para investir no ambiente, acredita a OIT, que sugere a criação de uma taxa sobre o dióxido de carbono.
Se as empresas tivessem que pagar pela poluição que causam e se esse dinheiro fosse usado para baixar os impostos sobre o trabalho, poderiam ser criados mais de 14 milhões de empregos em todo o mundo.
Ainda assim, o processo seria delicado e demorado, atendendo a que, hoje, mais de um terço dos empregos existentes no mundo (600 milhões) estão ligados a indústrias altamente poluentes. Seriam precisas "políticas de emprego decentes" que dessem aos trabalhadores as qualificações necessárias para ocupar os novos postos de trabalho.
Fonte: JN