Hot Clube fechado temporariamente
Um incêndio destruiu na madrugada de ontem parte do edifício na Praça da Alegria, em Lisboa, onde está instalado o Hot Clube de Portugal. Aquele que é um dos mais antigos clubes de jazz não foi atingido pelas chamas, mas a cave do edifício ficou inundada pela água usada pelos bombeiros.
As causas do sinistro, que ocorreu pelas 3h20 e ficou extinto cerca de duas horas depois, não eram conhecidas ao final do dia. A degradação do edifício, há muito conhecida e denunciada junto da Câmara de Lisboa, segundo o presidente da Junta de Freguesia de São José, Vasco Morgado (PSD), favoreceu a origem do fogo. De que forma? O autarca diz ser prematuro avançar. Mas a câmara, proprietária do edifício, "sabia o que se passava", garante.
O município reconhece a antiguidade da estrutura, mas recusa que se estabeleça "uma relação causal" entre a sua degradação e o incêndio, fez saber a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, através de uma assessora de imprensa. Recentemente tinha havido contactos entre a direcção do Hot Clube e a câmara para recuperar o edifício, adiantou a presidente do clube. "A ideia era instaurar uma Casa de Jazz, com um espaço museológico e concertos", disse Inês Homem Cunha. Mas nada ficou decidido.
Entretanto, ao fim do dia, Catarina Vaz Pinto divulgou um comunicado em que afirma estar a ser estudada, a pedido da direcção do clube, uma solução que viabilize a temporada de concertos comprometida pelo fogo. "Essa solução passará em princípio pela utilização por parte do Hot Clube da sala 3 do [vizinho] Cinema S. Jorge (Café-concerto)", alternativa que tinha sido sugerida durante o dia pelo presidente da Junta de Freguesia de São José. De acordo com a vereadora da Cultura, a vistoria efectuada permitiu concluir que o edifício "não está em condições de voltar a ser utilizado" e que vai ser alvo de uma operação de remoção de escombros e de uma cobertura provisória de protecção.
"Histórias não arderam"
O restaurante, no rés-do-chão, que dá trabalho a quatro pessoas, sofreu "danos elevados", segundo o proprietário, Joaquim Cunha. O Hot Clube perdeu, por tempo indeterminado, a sala de espectáculos. Durante a tarde, músicos e "amigos" do espaço retiraram amplificadores, o contrabaixo, a bateria e o piano que há vários anos fazem parte da mobília e que serão levados para a Escola de Jazz, que funciona na Junqueira, no edifício municipal da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Inês Homem Cunha afirmou que o "espaço ficou em muito mau estado", mas a principal preocupação é "manter a actividade e cumprir a programação". A desta semana foi cancelada.
Bernardo Moreira, presidente do clube durante 17 anos e agora presidente da assembleia geral, lamenta aquele que é o primeiro entrave à sua actividade em 60 anos. Mas mantém o optimismo de uma solução para um espaço com uma enorme carga histórica. "Apesar do incêndio, as histórias não ardem. Não esqueço a passagem de personagens como Vinicius de Moraes e as grandes noites que passámos. Podia relembrar outras centenas de músicos que por aqui passaram."
Fonte: Público
As causas do sinistro, que ocorreu pelas 3h20 e ficou extinto cerca de duas horas depois, não eram conhecidas ao final do dia. A degradação do edifício, há muito conhecida e denunciada junto da Câmara de Lisboa, segundo o presidente da Junta de Freguesia de São José, Vasco Morgado (PSD), favoreceu a origem do fogo. De que forma? O autarca diz ser prematuro avançar. Mas a câmara, proprietária do edifício, "sabia o que se passava", garante.
O município reconhece a antiguidade da estrutura, mas recusa que se estabeleça "uma relação causal" entre a sua degradação e o incêndio, fez saber a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, através de uma assessora de imprensa. Recentemente tinha havido contactos entre a direcção do Hot Clube e a câmara para recuperar o edifício, adiantou a presidente do clube. "A ideia era instaurar uma Casa de Jazz, com um espaço museológico e concertos", disse Inês Homem Cunha. Mas nada ficou decidido.
Entretanto, ao fim do dia, Catarina Vaz Pinto divulgou um comunicado em que afirma estar a ser estudada, a pedido da direcção do clube, uma solução que viabilize a temporada de concertos comprometida pelo fogo. "Essa solução passará em princípio pela utilização por parte do Hot Clube da sala 3 do [vizinho] Cinema S. Jorge (Café-concerto)", alternativa que tinha sido sugerida durante o dia pelo presidente da Junta de Freguesia de São José. De acordo com a vereadora da Cultura, a vistoria efectuada permitiu concluir que o edifício "não está em condições de voltar a ser utilizado" e que vai ser alvo de uma operação de remoção de escombros e de uma cobertura provisória de protecção.
"Histórias não arderam"
O restaurante, no rés-do-chão, que dá trabalho a quatro pessoas, sofreu "danos elevados", segundo o proprietário, Joaquim Cunha. O Hot Clube perdeu, por tempo indeterminado, a sala de espectáculos. Durante a tarde, músicos e "amigos" do espaço retiraram amplificadores, o contrabaixo, a bateria e o piano que há vários anos fazem parte da mobília e que serão levados para a Escola de Jazz, que funciona na Junqueira, no edifício municipal da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Inês Homem Cunha afirmou que o "espaço ficou em muito mau estado", mas a principal preocupação é "manter a actividade e cumprir a programação". A desta semana foi cancelada.
Bernardo Moreira, presidente do clube durante 17 anos e agora presidente da assembleia geral, lamenta aquele que é o primeiro entrave à sua actividade em 60 anos. Mas mantém o optimismo de uma solução para um espaço com uma enorme carga histórica. "Apesar do incêndio, as histórias não ardem. Não esqueço a passagem de personagens como Vinicius de Moraes e as grandes noites que passámos. Podia relembrar outras centenas de músicos que por aqui passaram."
Fonte: Público