NY Times vai cobrar por conteúdos


Numa altura em que a indústria dos media discute a viabilidade de pagamentos online, o "New York Times" anunciou que vai cobrar por parte dos conteúdos no site e noutras plataformas digitais.

Ainda não são conhecidos pormenores, mas o modelo que o "Times" vai adoptar permitirá aos utilizadores lerem um determinado número de artigos antes de terem de pagar. É um sistema semelhante ao que o britânico "Financial Times" usa (neste caso, é possível aceder a dez artigos por mês, à escolha – a partir desta fasquia, o jornal passa a cobrar).

O "NY Times" não revelou o número de artigos que serão gratuitos, nem quanto custará o acesso pago. Também não especificou o que fará a outros formatos digitais (como a aplicação para iPhone, que permite ler gratuitamente todos os artigos), embora tenha indicado que o modelo de pagamento vai aplicar-se às diferentes plataformas onde o jornal pode ser lido.

Já os assinantes da edição em papel poderão aceder aos conteúdos do site sem pagar mais.

O "Times" chegou a considerar a hipótese de uma subscrição para acesso a algumas áreas áreas, como faz o "Wall Street Journal" (um dos poucos títulos internacionais que tem tido sucesso com este sistema, sobretudo pelo facto de fornecer informação especializada em assuntos económicos). Contudo, o generalista "NY Times" acabou por abandonar a ideia – até porque já tinha um mau historial com este tipo de estratégia.

Em 2007, o jornal decidiu acabar com o Times Select, que tinha sido lançado apenas dois anos antes. Era um sistema que permitia um pagamento anual para acesso a conteúdos classificados como premium, como acontecia com os artigos de colunistas de renome.

Entre a lista de colunistas que eram abrangidos pelo Times Select estava Thomas Friedman, autor de vários livros e vencedor de três Pulitzer. Friedman, revelou a revista "New York" este domingo, chegou a escrever ao administrador do jornal, Arthur Sulzberger Jr, a explicar-lhe os inconvenientes deste modelo de subscrição: os leitores em países como a Índia e a China – onde os cerca de 50 dólares anuais que custava o Times Select representavam um esforço financeiro demasiado grande – tinham caído a pique.

O Times Select pôs também em evidência um dos problemas deste tipo de esquemas: a queda publicitária, associada tanto à perda de leitores que não querem pagar, como à perda de links de outros sites para os conteúdos pagos. Muitos sites hesitam em cobrar por conteúdos (mesmo que apenas por parte deles) com medo de perderem demasiado dinheiro nos anúncios.

Outra hipótese descartada pelo jornal americano – e que tem estado na moda entre alguns gestores e analista de media – foi a dos micropagamentos.

A ideia dos micropagamentos passa por cobrar unitariamente pelo acesso a cada artigo (ou outro tipo de conteúdo). O modelo é inspirado no sucesso da loja de música da Apple, o iTunes, em que boa parte do grande sucesso se deve ao facto de ser possível comprar apenas uma canção e não o álbum inteiro.

A decisão do "NY Times" surge numa altura em que as receitas publicitárias online não estão (em parte devido à crise financeira) a cumprir as expectativas que tinham criado há poucos anos, quando a indústria dos media esperava que os anúncios na Internet crescessem o suficiente para compensar o declínio das edições impressas.






Fonte: Público

POSTED BY Mari
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