Constâncio defende aumento dos impostos


O governador do Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio, defendeu hoje que os impostos indirectos, como o IVA, vão ter de aumentar nos próximos anos para se conseguir reduzir o défice orçamental para uma meta abaixo de três por cento do PIB (produto interno bruto) em 2013.

Vítor Constâncio, que falava à saída de uma conferência sobre o Estado e a competitividade da economia portuguesa, confirmou como exemplo de uma medida necessária a eventual subida do IVA para 21 por cento.

"Estamos numa situação em que o ponto de partida é agora mais difícil para chegarmos a 2013 com um défice inferior a três por cento do PIB, nesse contexto presumo que alguma coisa terá de ser feita", afirmou o governador do banco central.

Constâncio chamou também a atenção para a necessidade de "continuar a trabalhar" em políticas económicas como a reforma da Segurança Social ou o Código do Trabalho e não colocar "demasiadas expectativas nos Orçamentos do Estado". "É muito importante reduzir os valores da energia e das telecomunicações para as empresas", exemplificou.

O governador do BdP admitiu que ficou "surpreendido" pelo valor do défice estimado pelo Governo para 2009 (9,3 por cento do PIB) e que é "muito importante" que se verifique a redução desse valor em 1 ponto percentual em 2010, de acordo com a previsão da proposta de Orçamento do Estado.

Silva Lopes a favor de subida em 2010

"Já devia ter havido um bocado de aumento de impostos em 2010", reagiu por seu turno Silva Lopes, economista, à saída do mesmo encontro, organizado pela Antena 1.

O antigo ministro das Finanças está convencido de que "agravar os impostos é infelizmente necessário" ou caso contrário Portugal "não conseguirá atingir os objectivos".

No entanto, defendeu outras alternativas ao IVA, como a tributação das mais valias e dos dividendos. "Não posso aceitar que o sacrifício recaia só sobre os desempregados e sobre alguns funcionários". Silva Lopes deu como outro exemplo a redução das pensões de reforma mais elevadas.

Em contrapartida, mostrou-se contra o eventual corte de salários em Portugal - que será necessário na Grécia - pois "causa perturbações sociais muito graves". O preferível será o congelamento salarial, especificou.





Fonte: Público

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