Entrevista #15 - com Miguel Silva
Miguel Silva
Whisper - Como surgiu o interesse pela fotografia?
Miguel Silva - Um amigo numa viagem é ex Jugoslávia comprou uma Pratika. Lembro-me de disparar algumas fotos com ela, sem perceber muito bem como ela funcionava realmente, e o que significavam aqueles números que estavam inscritos na objectiva. Anos mais tarde comprei uma câmara semelhante e comecei a fotografar aquilo que mais me fascinava: concertos e música.
W - Como foi o inicio da experiência como fotografo e o processo de aprendizagem?
MS - Muitos dos princípios básicos de fotografia descobri-os através da Internet e também nos workshops em que ia participando. Obviamente que a prática foi muito importante, e há sempre pequenos truques que vamos aprendendo, muitas vezes á custa de erros e muitos rolos disparados.
W - Quais foram os principais obstáculo e metas atingidas?
MS - Para quem gosta de fotografar música ao vivo o principal obstáculo é a autorização para poder recolher fotografias nos concertos, e esse foi o meu maior problema no início. Mas tive a sorte de poder começar a fazer alguns espectáculos no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, oportunidade essa, dada pelo fotografo Nuno Patinho, que realizou alguns workshops em que participei. Alguns anos mais tarde, com um grupo de amigos, iniciámos um fórum na internet sobre eventos relacionados com música mais alternativa, o The Black Planet, e a partir desse momento consegui acesso a alguns dos espectáculos que mais gostava.
W - Quando paras de fotografar durante longo período de tempo sentes falta de pegar na máquina e disparar?
MS - Eu trago quase sempre com uma câmara comigo, por isso sempre que posso e que vejo algo de inte ressante não perco a oportunidade e fotografo.
W - Quais são as tuas principais influências nesta área?
MS - Não te sei dizer se sou influenciado directamente por este ou aquele fotógrafo, mas obviamente que não fico indiferente ao trabalho de pessoas como Anton Corbijn, Gered Mankowitz, Todd Owyang, ou a portuguesa Rita Carmo, entre muitos outros.
W - Consideras o tratamento de imagem essencial ou dispensável?
MS - O tratamento de imagem com o recurso a ferramentas digitais, como o Photoshop por exemplo, e que actualmente usamos, permite fazer muito daquilo que antigamente era feito na câmara escura, e que geralmente era um processo bastante demorado. Estes processos permitem-me evidenciar certos pormenores, e assim transmitir aquilo que mais acho importante. Deste ponto de vista acho o tratamento de imagem essencial.
W - Com o surgimento da era digital, a fotografia passou a implicar custou muito menores. Na tua opinião, quais são as principais consequências que isto tem na fotografia e no seu meio?
MS - Acho que facilitou o acesso da fotografia a um maior número de pessoas. Todo o processo fotográfico ficou mais fácil, e deixámos de necessitar de laboratórios e de vários outros equipamentos, e pudemos efectuar muitos dos processos com um simples computador pessoal.
W - Sei que já tiveste a oportunidade de fotografar alguns festivais fora de terras lusas. Existe diferenças entre as promotoras nacionais e estrangeiras? Qual o relacionamento com os repórteres?
MS - O que tenho visto em outros países é uma maior disponibilidade, por parte das promotoras , em permitir o acesso aos espectáculos a meios de informação e divulgação mais pequenos, nomeadamente blogs, fóruns e outros sítios semelhantes na net. Mas acho que essa realidade está a mudar cá em Portugal, e já é mais fácil conseguir permissão para podermos fotografar muitos dos espectáculos.
W - Existem projectos para o futuro?
MS - Há sempre projectos interessantes que me vão aparecendo e que me motivam bastante. Não sendo a fotografia a minha principal actividade, tenho tido a sorte de ir cola borando e participando em projectos em diferentes áreas da fotografia.