EUA e França ameaçam Irão com sanções
A França e os Estados Unidos ameaçaram o Irão com a possibilidade de serem aprovadas novas sanções no Conselho de Segurança da ONU, horas depois de a República Islâmica ter notificado a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de que vai recomeçar a produção de urânio muito enriquecido.
“Estamos em total acordo para dizer que a próxima etapa será uma acção [punitiva] da comunidade internacional”, declarou o secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates, numa conferência de imprensa, em Paris, ao lado do homólogo francês, Hervé Morin.
O primeiro anúncio do reatamento da produção de urânio enriquecido foi feito, no domingo, pelo Presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ontem, o representante do Irão junto da AIEA, Ali Asghar Soltanieh, enviou uma carta a esta agência das Nações Unidas, confirmando que o processo já está em marcha e convidando os inspectores a visitarem a central de Natanz, onde estão activas cerca de 8000 centrifugadoras.
Soltanieh disse que o seu país não teve alternativa, uma vez que estão bloqueadas as negociações com o “Grupo dos Seis” (Alemanha, China, França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia) sobre o fornecimento de combustível nuclear necessário ao funcionamento de um reactor, em Teerão, para investigação médica.
“Não podíamos esperar mais para responder às necessidades dos nossos doentes cujos tratamentos [de vários tipos de cancro] requerem isótopos”, justificou Soltanieh, pedindo “cooperação em vez de confronto”.
Em Novembro, o Irão rejeitou uma proposta da AIEA para o envio – de uma só vez – da maior parte do seu stock de urânio pouco enriquecido (LEU, na sigla inglesa), para que a França e a Rússia o transformassem em combustível nuclear, e assim se dissipassem os receios de que tenciona fabricar uma bomba. A AIEA deu a Teerão um prazo até Dezembro de 2009, sob pena de lhe serem aplicadas novas sanções. O Irão respondeu com um ultimato e as suas próprias condições. Exigiu que, até ao final de Janeiro de 2010, lhe fosse fornecido o combustível de que necessita, em troca do seu urânio enriquecido a 3,5 por cento, que seria transferido não previamente, mas em simultâneo e em pequenas quantidades.
Peritos e diplomatas ouvidos pela AFP consideram que o Irão tem capacidade para “duplicar a produção de urânio em 24 horas”, mas não domina a tecnologia do fabrico de barras de combustível. “A tecnologia para enriquecer urânio é, grosso modo, a mesma, seja a 3,5 por cento, para reactores de centrais nucleares; a 20 por cento, para um reactor de investigação; ou a 93 por cento para fabricar uma bomba atómica”, observou Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres. Elahe Mohtasham, antiga investigadora no King’s College, confirma: “Não é difícil ir de 3,5 para 20 por cento, mas muito poucos países conseguem transformar urânio em barras de combustível.”
Fonte: Público
“Estamos em total acordo para dizer que a próxima etapa será uma acção [punitiva] da comunidade internacional”, declarou o secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates, numa conferência de imprensa, em Paris, ao lado do homólogo francês, Hervé Morin.
O primeiro anúncio do reatamento da produção de urânio enriquecido foi feito, no domingo, pelo Presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ontem, o representante do Irão junto da AIEA, Ali Asghar Soltanieh, enviou uma carta a esta agência das Nações Unidas, confirmando que o processo já está em marcha e convidando os inspectores a visitarem a central de Natanz, onde estão activas cerca de 8000 centrifugadoras.
Soltanieh disse que o seu país não teve alternativa, uma vez que estão bloqueadas as negociações com o “Grupo dos Seis” (Alemanha, China, França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia) sobre o fornecimento de combustível nuclear necessário ao funcionamento de um reactor, em Teerão, para investigação médica.
“Não podíamos esperar mais para responder às necessidades dos nossos doentes cujos tratamentos [de vários tipos de cancro] requerem isótopos”, justificou Soltanieh, pedindo “cooperação em vez de confronto”.
Em Novembro, o Irão rejeitou uma proposta da AIEA para o envio – de uma só vez – da maior parte do seu stock de urânio pouco enriquecido (LEU, na sigla inglesa), para que a França e a Rússia o transformassem em combustível nuclear, e assim se dissipassem os receios de que tenciona fabricar uma bomba. A AIEA deu a Teerão um prazo até Dezembro de 2009, sob pena de lhe serem aplicadas novas sanções. O Irão respondeu com um ultimato e as suas próprias condições. Exigiu que, até ao final de Janeiro de 2010, lhe fosse fornecido o combustível de que necessita, em troca do seu urânio enriquecido a 3,5 por cento, que seria transferido não previamente, mas em simultâneo e em pequenas quantidades.
Peritos e diplomatas ouvidos pela AFP consideram que o Irão tem capacidade para “duplicar a produção de urânio em 24 horas”, mas não domina a tecnologia do fabrico de barras de combustível. “A tecnologia para enriquecer urânio é, grosso modo, a mesma, seja a 3,5 por cento, para reactores de centrais nucleares; a 20 por cento, para um reactor de investigação; ou a 93 por cento para fabricar uma bomba atómica”, observou Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres. Elahe Mohtasham, antiga investigadora no King’s College, confirma: “Não é difícil ir de 3,5 para 20 por cento, mas muito poucos países conseguem transformar urânio em barras de combustível.”
Fonte: Público