O homem que faz sonhar o Braga


Habituado a ganhar enquanto futebolista, Domingos Paciência não demorou a dar nas vistas como treinador. O maior rosto do sucesso do Braga na Liga vai amanhã, no Dragão, reencontrar-se com o passado, ciente de que pode dar mais um passo para ser campeão.

Uma mistura de sentimentos não deixará de pairar no pensamento de Domingos Paciência, quando amanhã a sua equipa entrar no relvado do Estádio do Dragão, para defrontar o F. C. Porto, em jogo da 20.ª jornada da Liga. O homem que faz sonhar o Braga fez grande parte do seu trajecto no futebol no emblema portista, onde surgiu aos 13 anos e saiu aos 34, apenas com duas épocas pelo meio (1997/98 e 1998/99), em que jogou no Tenerife, de Espanha.

Mesmo que o apontem como possível futuro treinador do F. C. Porto, a realidade actual passa pelo comando do Braga, que curiosamente está oito pontos acima dos dragões e pode este ano, pela primeira vez, ser campeão nacional.

Domingos chegou ao clube no último Verão, oriundo da Académica, para substituir Jorge Jesus que saíra para o Benfica. Ao ingressar num clube habituado a lutar por um lugar europeu, pensou-se que tinha "apenas" subido mais um degrau na carreira de treinador, iniciada em 2001/02, como adjunto da equipa B do F. C. Porto. "Foi o início de uma carreira notável. Era muito interessado e a sua experiência como ex-futebolista ajudou-o a vingar", destaca, ao JN, Ilídio Vale, que apadrinhou as três primeiras épocas de Domingos, no corpo técnico portista. Em 2004/05, o agora seleccionador nacional de sub-17 mudou de funções e entregou a tarefa a Domingos. "Foi preparado para assumir, com segurança, a liderança da equipa. E correspondeu em pleno", realça Ilídio Vale.

Depois de um interregno em 2005/06, teve a sua primeira experiência na Liga em 2006/07, na União de Leiria, onde saiu à 22.ª jornada. Na temporada seguinte, foi para a Académica à 4.ª jornada, salvou a equipa da descida e, depois, na nova época, alcançou ali o 7.º lugar. O clube queria que ele continuasse, mas optou por sair, tendo abraçado o projecto bracarense.

Primeiros passos promissores

O trajecto de Domingos como treinador tem sido ascendente e, de certo modo, faz lembrar os degraus que trepou como jogador.

Com um corpo franzino, mas uma técnica refinada, vingou no futebol, depois de ter dado nas vistas na Académica de Leça (futebol de sete), clube da sua terra natal, Leça da Palmeira.

Chegou aos dragões em 1982, graças a Fernando Santos, técnico da Académica de Leça, que o indicou ao F. C. Porto. "Sabia o que valia, mas o mérito foi dele", realça o treinador, que, na ocasião, aconselhou também o guarda-redes Vítor Baía aos dragões.

Domingos chegou ao F. C. Porto com 13 anos e ingressou nos iniciados. "Tinha uma técnica apurada, mas era frágil fisicamente. A sua força de vontade ajudou-o a triunfar", destaca Costa Soares, seu treinador, nas duas primeiras épocas no F. C. Porto. Avançado, passou todos os escalões e tornou-se profissional. Quando, na época 1988/89, Tomislav Ivic achou que Gomes era "finito", deu-lhe um lugar no ataque. Saiu-se bem. Ganhou inúmeros títulos, foi uma vez o melhor marcador do campeonato (1995/96) e internacional "A" 35 vezes. Depois de uma mal sucedida experiência no futebol espanhol, esteve com um pé no Sporting, mas um telefonema do presidente Pinto da Costa, quando estava a caminho de Lisboa, resultou no seu regresso às Antas, onde terminou a carreira.

No início do século XXI, duas décadas depois, Costa Soares reencontrou o seu pupilo, como aluno do curso de treinador, de I e II nível. "Manteve a mesma postura. É um técnico com muita qualidade e poderá, em breve, assumir outros voos", projecta Costa Soares. Apesar da amizade entre ambos, este agora olheiro portista separa as águas. "Será bem recebido no Dragão, mas o F. C. Porto está primeiro", avisa o seu antigo treinador.





Fonte: JN

POSTED BY Mari
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