Peças de Robert Longo no Berardo


A partir de hoje e até 25 de Abril, o museu em Lisboa recebe uma retrospectiva do artista americano Robert Longo, conhecido pelos seus desenhos e esculturas de grande dimensão. Imperdível.

Nova Iorque, final dos anos 70. Robert Longo pediu a máquina fotográfica emprestada à sua companheira de então, Cindy Sherman, e começou a retratar os amigos. Numa das sessões, levou-os para o terraço e atirou-lhes bolas de ténis, obrigando-os a desviarem-se. Era nesse momento que fotografava. A partir destas imagens, desenhou os seus vários Men in the City, grupos de três ou mais homens e mulheres, gigantes, a preto e branco, que parecem dançar no vazio. Tornaram-se a imagem de marca do artista. "É quase como uma maldição", diz Robert Longo. "Estas peças perseguem-me. Sinto-me feliz por tê-las, mas elas representam apenas uma pequena parte da minha carreira. É um fardo. Um fardo bom, mas ainda assim um fardo."

Não poderiam faltar alguns dos Men in the City (1979-93) na retrospectiva de Robert Longo que o Museu Berardo inaugura hoje, em Lisboa. Eles estão logo na primeira sala da exposição, em frente de um dos tubarões (da série Perfect Gods, 2007), ao lado da catedral (de The Mysteries, 2008) e de um dos planetas (de Bodies, 2004-2006). "Dependendo da posição, e por causa dos reflexos causados pelo vidro, pode-se ver o homem na boca do tubarão ou então ver a lua na igreja. Gosto de brincar com isso", explica Longo quando o encontramos durante a montagem da exposição.

Aqui se reúnem peças das várias fases da sua carreira - os Combines, dos anos 80, a sua fase mais colorida e onde, muitas vezes, junta desenho e escultura; o ciclo Freud (1999-2003); as gigantescas ondas (Monsters, 1999-2004) e cogumelos atómicos (The Sickness of Reason, 2001-2004), os rostos de bebés e não só (Beginning of the World, 2006-08).

"O mais importante quando trabalho é ter uma ideia forte. Como quando se esfaqueia alguém e quanto mais afiada é a faca, mais penetra no corpo. Se nos limitarmos a dar um murro, até podemos magoar, mas nunca entramos dentro da outra pessoa", explica. A sua arte procura o difícil equilíbrio entre "o social e político" e o "particular e pessoal": "Não quero estar a dar sermões, mas quero fazer pensar." Exemplo disso são as armas (Boddyhammer, 1993-96). Ou a Death Star (1993), logo à entrada do museu: com as luzes certas parece uma bola de espelhos de uma discoteca, mas um olhar atento irá perceber que é feita de balas. Mais precisamente 18 mil balas, que equivale ao número de pessoas que morreram com armas de fogo nos EUA naquele ano.




Fonte: DN

POSTED BY Mari
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