Dar poder a directores para resolver violência


A ministra da Educação, Isabel Alçada, insistiu hoje que é preciso “dar mais força” aos directores das escolas para resolver casos de agressões e de “bullying” em meio escolar, considerando “grave” qualquer violência sobre alunos ou professores.

“Vamos aprovar um diploma que reforça a rapidez na intervenção do director em caso de agressão. E agressão é sempre grave. Quando se fala em violência, é sempre grave”, afirmou Isabel Alçada. A ministra da Educação falava aos jornalistas em Évora, após presidir à cerimónia de entrega da terceira edição do Prémio Nacional de Professores.

Questionada sobre o debate que vai ter lugar na Assembleia da República sobre violência, agressões e indisciplina nas escolas e “bullying” (violência física ou psicológica reiterada) em meio escolar, a governante reconheceu que esse tema a preocupa. “Sempre que uma criança, um jovem ou um professor é agredido numa escola ou fora da escola, preocupa-me. Todas as pessoas que pensam sobre esta questão, claro que se têm que preocupar”, disse.

Por isso, Isabel Alçada recordou que, na quinta-feira passada, o Governo anunciou que vai apresentar um diploma para reforçar os poderes dos directores de escola, para que os alunos agressores possam ser suspensos imediatamente logo após a ocorrência da agressão. “Vamos reforçar o poder da suspensão preventiva da parte do director de escola ou do agrupamento de escolas”, frisou, acrescentando que, em simultâneo, vão ser propostas “medidas de apoio imediato e continuado” para todos os que “possam ser alvo de alguma forma de violência”.

Segundo a ministra, há que “mostrar que existem meios e uma atitude de grande responsabilidade da parte dos professores que estão presentes e que resolvem as situações”. “Precisamos de dar mais força àqueles que estão empenhados em resolver as questões. Precisamos que os professores tenham autoridade” e que a sociedade a “reconheça”, sustentou.

As situações graves de violência nas escolas “não são numerosas, felizmente”, mas basta “uma situação grave ou duas para nos termos que preocupar muito”, realçou. “Não podemos deixar que, no nosso país, haja nem um caso desta natureza. Sabemos que tem havido comunicação de quatro casos, mas quatro casos é muito. É indispensável que não haja nenhum caso”, argumentou.

Questionada também sobre o inquérito ao caso do rapaz que, alegadamente, se suicidou em Mirandela, após agressões dos colegas da escola, a ministra da Educação disse não dispor ainda do relatório definitivo. “Trata-se, do lado do Ministério da Educação, de um inspector e nós respeitamos a responsabilidade e o ritmo do trabalho do inspector”, limitou-se a afirmar, esclarecendo que estes casos “que provocam muito sofrimento” não devem ser abordados “publicamente”, para não “agravar o sofrimento” das famílias. O rapaz, de 12 anos, desapareceu no rio Tua a 2 de Março, junto ao parque de merendas de Mirandela, a alguma distância da escola.

O caso foi associado a violência escolar e o afogamento da criança, resultado de uma alegada tentativa de suicídio, a uma consequência de alegadas agressões de que seria frequentemente vítima na escola. Já as autoridades policiais acreditam na possibilidade de uma brincadeira que acabou de forma trágica, segundo fontes ligadas ao processo.



Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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