Doar sangue contra o Governo tailandês


Muitos milhares de manifestantes tailandeses estiveram hoje a dar sangue para depois o ir lançar contra a sede do Governo, em Banguecoque, num sacrifício simbólico a favor de eleições antecipadas.

"Os camisas vermelhas", partidários do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deram o seu sangue a enfermeiros e juraram que iriam reunir "um milhão de centímetros cúbicos" (equivalente a 1000 garrafas de refrigerante) para derramar hoje à noite à porta da Government House.

Pelo menos 100.000 destes adversários do actual chefe do Executivo, Abhisit Vejjajiva, tinham-se concentrado domingo na capital, a exigir-lhe que dissolvesse o Parlamento e convocasse eleições legislativas antecipadas.

Como ele não aceitou o ultimato, que expirava ao meio-dia de ontem, começaram a fazer o "sacrifício do sangue", já condenado pela Cruz Vermelha como um grande desperdício e uma prática verdadeiramente anti-higiénica.

Weng Tojirakam, médico e um dos líderes do protesto, afirmou que esta estratégia serve para testar a consciência de Abhisit, colocado no poder em Dezembro de 2008 pelos militares que dois anos antes tinham derrubado Thaksin. Este entretanto fizeram-no condenar à revelia a dois anos de cadeia, por conflito de interesses entre as suas empresas e a prática governamental.

"Este sangue pertence aos combatentes pela democracia. Qual é a sua cor? O Vermelho!", gritou alguém por um megafone, enquantol Weng e outros dirigentes do movimento davam sangue num palco erguido junto de uma tenda branca.

Alguns monges em túnicas cor de laranja, embora proibidos pela lei de participar em actividades políticas, estavam entre as primeiras pessoas que formaram fila para a doacção. Um deles ostentou orgulhosamente um seringa cheia com o seu próprio sangue.

Embora este gigantesco protesto seja essencialmente de partidários de Thaksin, que já foi proprietário do Manchester City, juntaram-se a ele outros activistas que se opõem ao golpe de estado militar de 2006 e que pretendem uma menor interferência das Forças Armadas nos assuntos do reino, à frente do qual se encontra há 64 anos Bhumibol Adulyadej, o chefe de Estado que há mais tempo permanece em funções em qualquer parte do mundo.

Hoje, pelo segundo dia consecutivo, Thaksin falou aos manifestantes, via vídeo, a partir do estrangeiro, tendo-os incitado a prosseguir a sua luta, de forma não violenta.

Dezenas de milhares de militares e polícias controlam a multidão, enquanto a imprensa local noticia que em algumas das províncias do Norte do país, o território tradicional do ex-primeiro-ministro, também estão a decorrer manifestações coincidentes com a de Banguecoque.



Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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