Papa irá tomar medidas contra abusos


O Papa vai tomar em breve novas medidas contra os padres envolvidos em abusos sexuais, anunciou hoje um arcebispo. Na Alemanha, um político católico estimou que a credibilidade da Igreja foi “gravemente abalada” pelas últimas denúncias de pedofilia, pedindo a Bento XVI mais honestidade.

Bento XVI “é uma pessoa clara, determinada, extremamente lúcida na sua análise, de uma lucidez que o leva a tomar as medidas necessárias”, disse numa entrevista ao jornal italiano “Corrierre della Sera” o Monsenhor Rino Fisichella, presidente da Academia Pontifical, garantindo que o Papa não está paralisado face a estas denúncias.

Segundo o arcebispo, a carta pastoral que o Papa deverá em breve enviar ao episcopado irlandês, será “uma nova ilustração das suas posições claras, determinadas e sem vontade de dissimulação”.

Na Irlanda, país em que foram concluídas já várias investigações a décadas de abusos cometidos por religiosos, o principal responsável da Igreja recusou demitir-se depois de se saber que não denunciou às autoridades os abusos de um padre de que teve conhecimento em 1975.

Os casos de pedofilia revelados nas últimas semanas em vários países europeus, nomeadamente na Alemanha, Áustria, Holanda e Suíça, “lançam uma sombra no conjunto da Igreja [católica]: a tolerância zero para nós não é facultativa, é uma obrigação moral”, assegura Rino Fisichella. Hoje, o mosteiro austríaco de Kremsmuster suspendeu mais dois padres (são já cinco) depois de novas acusações de abusos físicos e sexuais ali cometidos nos anos 80.

Segundo o arcebispo Fisichella, que é um dos teólogos italianos mais reputados, as novas medidas podem inspirar-se na experiência norte-americana, dez anos depois do escândalo de pedofilia que a Igreja nos Estados Unidos enfrentou. “Vi aqui um discernimento mais atento na selecção dos candidatos [a padres] e uma implicação sem precedentes na sua formação académica e espiritual”, explicou Fisichella na entrevista.

Na Alemanha, o vice-presidente do Parlamento, Wolfgang Thierse, sublinhou hoje que a “consternação entre os crentes é enorme”. Segundo Thierse, que enquanto membro do comité central dos católicos alemães representa os interesses dos católicos na sociedade, “a Igreja deve ser mais honesta e mais severa com ela própria e isso também vale para o Papa”.

Para este político, mais do que indemnizações financeiras, as vítimas precisam de “um trabalho de explicação sincera e uma discussão sobre as consequências” dos abusos que sofreram.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
POSTED IN
DISCUSSION