Cameron e Nick Clegg lideram Governo
Faltavam poucos minutos para as nove da noite quando David Cameron entrou no número 10 de Downing Street. Treze anos depois, o Reino Unido tem de novo um primeiro-ministro conservador, mas pela primeira vez desde a II Guerra Mundial chefiará um governo de coligação.
Os conservadores têm como parceiro os Liberais Democratas, a quem foram oferecidos vários ministérios e a promessa de um referendo à reforma do sistema eleitoral. Nick Clegg será o "número dois" do Governo - os restantes nomes serão conhecidos ao longo do dia.
Foram precisos cinco dias de negociações como o país não tinha já memória para selar o acordo com que os dois partidos pretendem restaurar a estabilidade abalada pelo resultado das eleições, que deixaram tories a 20 deputados da maioria absoluta.
Minutos depois de ser empossado pela rainha, o líder conservador disse ser sua intenção "formar uma coligação formal e completa" com os centristas. "Acredito que esta é a melhor forma de dar ao país um Governo estável, bom e decente de que tanto precisa", declarou Cameron, que, aos 43 anos, é o mais novo primeiro-ministro britânico em quase dois séculos.
A decisão final ficou, novamente, na mão dos lib-dem. Para além de Nick Clegg, o líder, o partido terá mais quatro pastas.
Decisiva terá sido também a cedência dos tories, que, pressionados pelos mercados, concordaram com um referendo à reforma eleitoral. Não é a conquista histórica que os lib-dem ambicionavam, mas o prémio possível depois de fracassadas as negociações de última hora com os trabalhistas.
Brown retira-se
A iniciativa das negociações partiu do primeiro-ministro, Gordon Brown, que na véspera anunciou que estava disponível a demitir-se para tornar possível uma "coligação progressista". Acabaria por ser ele a atirar a toalha ao chão quando, ontem à tarde, anunciou que iria apresentar a sua demissão à rainha e abandonar, com "efeitos imediatos", a liderança trabalhista.
Em tom emocionado, Brown disse ter "adorado o trabalho" de primeiro-ministro, "não pelo prestígio" mas pelas possibilidades de criar "um país mais justo, tolerante e próspero". Desejando "boa sorte" ao sucessor, encerrou 13 anos de poder trabalhista abandonando o n.º 10 de mãos dadas com a mulher e os dois filhos, fotografados pela primeira vez em público.
A demissão surgiu já a tarde ia avançada, mas logo pela manhã se percebeu que não havia futuro numa coligação Lib-Lab. Os trabalhistas chegaram à mesa das negociações propondo alterações imediatas ao sistema eleitoral - introduzindo o voto alternativo - e prometendo para mais tarde um referendo ao método proporcional.
Ao mesmo tempo, porém, dirigentes trabalhistas criticaram as cedências, levando os lib-dem a desconfiar que muito dificilmente o Labour estaria em condições de concretizar o que prometia. "Só temos um acordo em cima da mesa", diria pouco depois à BBC um dirigente centrista.
Decisivo terá sido, no entanto, o sentimento de que no Labour as atenções estavam já concentradas na corrida à sucessão de Brown. E neste cenário, seria mais confortável ao futuro líder estar na oposição, enquanto tories e lib-dem assumem o ónus das anunciadas medidas de austeridade.
O fracasso da estratégia de Brown foi-se tornando visível ao longo do dia, à medida que, um após outro, vários ministros vieram a público dizer que era tempo de o Labour aceitar a derrota. Ignorar a decisão dos eleitores "custará muito caro aos trabalhistas em próximas eleições", escreveu o ex-ministro do Interior David Blunkett no "Guardian".
A saída de Brown - que com Tony Blair dominou o partido nas últimas duas décadas - abre um novo ciclo no Labour e adivinha-se cerrada a luta pela sua sucessão. Numa reunião segunda-feira à noite, foi decidido que ninguém avançaria antes de terminadas as negociações para a formação de um Governo, mas a corrida está agora aberta. David Miliband, o ex-chefe da diplomacia, e Ed Balls, ex-ministro pela Educação, são os favoritos, mas fala-se também com insistência de Ed Miliband, o que poderá criar uma inédita disputa entre irmãos.
Fonte: Público
Os conservadores têm como parceiro os Liberais Democratas, a quem foram oferecidos vários ministérios e a promessa de um referendo à reforma do sistema eleitoral. Nick Clegg será o "número dois" do Governo - os restantes nomes serão conhecidos ao longo do dia.
Foram precisos cinco dias de negociações como o país não tinha já memória para selar o acordo com que os dois partidos pretendem restaurar a estabilidade abalada pelo resultado das eleições, que deixaram tories a 20 deputados da maioria absoluta.
Minutos depois de ser empossado pela rainha, o líder conservador disse ser sua intenção "formar uma coligação formal e completa" com os centristas. "Acredito que esta é a melhor forma de dar ao país um Governo estável, bom e decente de que tanto precisa", declarou Cameron, que, aos 43 anos, é o mais novo primeiro-ministro britânico em quase dois séculos.
A decisão final ficou, novamente, na mão dos lib-dem. Para além de Nick Clegg, o líder, o partido terá mais quatro pastas.
Decisiva terá sido também a cedência dos tories, que, pressionados pelos mercados, concordaram com um referendo à reforma eleitoral. Não é a conquista histórica que os lib-dem ambicionavam, mas o prémio possível depois de fracassadas as negociações de última hora com os trabalhistas.
Brown retira-se
A iniciativa das negociações partiu do primeiro-ministro, Gordon Brown, que na véspera anunciou que estava disponível a demitir-se para tornar possível uma "coligação progressista". Acabaria por ser ele a atirar a toalha ao chão quando, ontem à tarde, anunciou que iria apresentar a sua demissão à rainha e abandonar, com "efeitos imediatos", a liderança trabalhista.
Em tom emocionado, Brown disse ter "adorado o trabalho" de primeiro-ministro, "não pelo prestígio" mas pelas possibilidades de criar "um país mais justo, tolerante e próspero". Desejando "boa sorte" ao sucessor, encerrou 13 anos de poder trabalhista abandonando o n.º 10 de mãos dadas com a mulher e os dois filhos, fotografados pela primeira vez em público.
A demissão surgiu já a tarde ia avançada, mas logo pela manhã se percebeu que não havia futuro numa coligação Lib-Lab. Os trabalhistas chegaram à mesa das negociações propondo alterações imediatas ao sistema eleitoral - introduzindo o voto alternativo - e prometendo para mais tarde um referendo ao método proporcional.
Ao mesmo tempo, porém, dirigentes trabalhistas criticaram as cedências, levando os lib-dem a desconfiar que muito dificilmente o Labour estaria em condições de concretizar o que prometia. "Só temos um acordo em cima da mesa", diria pouco depois à BBC um dirigente centrista.
Decisivo terá sido, no entanto, o sentimento de que no Labour as atenções estavam já concentradas na corrida à sucessão de Brown. E neste cenário, seria mais confortável ao futuro líder estar na oposição, enquanto tories e lib-dem assumem o ónus das anunciadas medidas de austeridade.
O fracasso da estratégia de Brown foi-se tornando visível ao longo do dia, à medida que, um após outro, vários ministros vieram a público dizer que era tempo de o Labour aceitar a derrota. Ignorar a decisão dos eleitores "custará muito caro aos trabalhistas em próximas eleições", escreveu o ex-ministro do Interior David Blunkett no "Guardian".
A saída de Brown - que com Tony Blair dominou o partido nas últimas duas décadas - abre um novo ciclo no Labour e adivinha-se cerrada a luta pela sua sucessão. Numa reunião segunda-feira à noite, foi decidido que ninguém avançaria antes de terminadas as negociações para a formação de um Governo, mas a corrida está agora aberta. David Miliband, o ex-chefe da diplomacia, e Ed Balls, ex-ministro pela Educação, são os favoritos, mas fala-se também com insistência de Ed Miliband, o que poderá criar uma inédita disputa entre irmãos.
Fonte: Público