Portugal com juros mais altos do que a Grécia
As medidas de austeridade que o Governo português aprovou não estão a salvar o país da pressão dos mercados, que ontem, pela primeira vez, exigiram, numa emissão de obrigações realizada pelo Estado, juros mais altos do que o valor a pagar pela Grécia no plano de ajuda financeira da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Numa altura em que cada vez mais se discute se Portugal deveria recorrer ao pacote de ajuda financeira da UE-FMI, o instituto que gere a dívida portuguesa, o IGCP, realizou ontem uma emissão de Obrigações do Tesouro a 10 anos em que a taxa de juro obtida foi de de 5,225 por cento, a mais alta desde, pelo menos, 2006 e possivelmente desde a criação do euro. A taxa exigida à Grécia, no pacote de ajuda que conta com dinheiro português, é de cinco por cento. Esta poderia ser também a taxa exigida a Portugal, caso fosse requerido pelo Governo o acesso ao mesmo tipo de fundo.
As emissões de obrigações de ontem, num total de 1500 milhões de euros, registaram uma procura elevada por parte dos investidores, o que não impediu um salto muito significativo das taxas face às emissões anteriores. O leilão a 10 anos, no montante de 816 milhões de euros, teve uma procura 1,8 vezes superior à oferta, e a taxa de juro a pagar, de 5,225 por cento, ficou 0,702 pontos acima dos 4,523 por cento do último leilão, realizado a 13 de Maio. Por causa desta subida da taxa, a emissão a dez anos feita ontem vai ficar 57 milhões de euros mais cara para Portugal, durante os próximos dez anos. Se as contas forem feitas relativamente à taxa conseguida na emissão de 10 de Março, a perda é de 85 milhões de euros.
Os juros que os investidores (bancos, seguradoras, fundos de investimento) exigiram ontem no mercado primário, onde são colocadas as obrigações soberanas, foram ligeiramente inferiores aos juros das obrigações no mercado secundário, onde há revenda dessas obrigações. Os juros (yield) das obrigações a 10 anos estavam ontem a 5,385 por cento, contra 5,365 por cento de anteontem.
Recorde-se que o Banco Central Europeu (BCE) está a comprar obrigações soberanas no mercado secundário, de forma a controlar os juros, mas não pode intervir no mercado primário.
Na outra emissão de ontem, a três anos, no montante de 701 milhões de euros, a procura superou em 2,4 vezes a oferta, e a taxa foi de 3,597 por cento, mais 0,889 pontos que os 2,708 por cento da última emissão com esta maturidade, realizada a 8 de Abril do ano passado.
Apesar da subida das taxas, a emissão de dívida de ontem foi vista pelo secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Pina, como exemplo da confiança dos investidores em Portugal, afastando, assim, a necessidade de o país recorrer ao pacote de ajuda financeira da UE e Fundo Monetário Internacional. "Está fora das nossas hipóteses de trabalho", declarou à Reuters.
Estas declarações surgem depois de Teresa Ter-Minassian, que liderou a equipa do FMI que em 1983 esteve em Portugal, ter defendido, em entrevista ao Jornal de Negócios, que seria melhor Portugal recorrer já ao pacote de ajuda da UE-FMI.
Sinal preocupante é o que é dado por uma sondagem realizada pela Bloomberg a partir de uma amostra aleatória de cerca de 1000 clientes analistas e investidores assinantes dos seus serviços. Segundo a agência, 35 por cento dos inquiridos acreditam que Portugal poderá entrar em incumprimento e 20 por cento que o país poderá sair do euro. Em relação a Espanha, 25 por cento admite a entrada do país vizinho em incumprimento, e 15 por cento admite a saída do euro. Na Grécia, o pessimismo dispara, com 75 por cento dos inquiridos a admitir o incumprimento e 40 por cento a acreditar na saída do euro.
Fonte: Público
Numa altura em que cada vez mais se discute se Portugal deveria recorrer ao pacote de ajuda financeira da UE-FMI, o instituto que gere a dívida portuguesa, o IGCP, realizou ontem uma emissão de Obrigações do Tesouro a 10 anos em que a taxa de juro obtida foi de de 5,225 por cento, a mais alta desde, pelo menos, 2006 e possivelmente desde a criação do euro. A taxa exigida à Grécia, no pacote de ajuda que conta com dinheiro português, é de cinco por cento. Esta poderia ser também a taxa exigida a Portugal, caso fosse requerido pelo Governo o acesso ao mesmo tipo de fundo.
As emissões de obrigações de ontem, num total de 1500 milhões de euros, registaram uma procura elevada por parte dos investidores, o que não impediu um salto muito significativo das taxas face às emissões anteriores. O leilão a 10 anos, no montante de 816 milhões de euros, teve uma procura 1,8 vezes superior à oferta, e a taxa de juro a pagar, de 5,225 por cento, ficou 0,702 pontos acima dos 4,523 por cento do último leilão, realizado a 13 de Maio. Por causa desta subida da taxa, a emissão a dez anos feita ontem vai ficar 57 milhões de euros mais cara para Portugal, durante os próximos dez anos. Se as contas forem feitas relativamente à taxa conseguida na emissão de 10 de Março, a perda é de 85 milhões de euros.
Os juros que os investidores (bancos, seguradoras, fundos de investimento) exigiram ontem no mercado primário, onde são colocadas as obrigações soberanas, foram ligeiramente inferiores aos juros das obrigações no mercado secundário, onde há revenda dessas obrigações. Os juros (yield) das obrigações a 10 anos estavam ontem a 5,385 por cento, contra 5,365 por cento de anteontem.
Recorde-se que o Banco Central Europeu (BCE) está a comprar obrigações soberanas no mercado secundário, de forma a controlar os juros, mas não pode intervir no mercado primário.
Na outra emissão de ontem, a três anos, no montante de 701 milhões de euros, a procura superou em 2,4 vezes a oferta, e a taxa foi de 3,597 por cento, mais 0,889 pontos que os 2,708 por cento da última emissão com esta maturidade, realizada a 8 de Abril do ano passado.
Apesar da subida das taxas, a emissão de dívida de ontem foi vista pelo secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Pina, como exemplo da confiança dos investidores em Portugal, afastando, assim, a necessidade de o país recorrer ao pacote de ajuda financeira da UE e Fundo Monetário Internacional. "Está fora das nossas hipóteses de trabalho", declarou à Reuters.
Estas declarações surgem depois de Teresa Ter-Minassian, que liderou a equipa do FMI que em 1983 esteve em Portugal, ter defendido, em entrevista ao Jornal de Negócios, que seria melhor Portugal recorrer já ao pacote de ajuda da UE-FMI.
Sinal preocupante é o que é dado por uma sondagem realizada pela Bloomberg a partir de uma amostra aleatória de cerca de 1000 clientes analistas e investidores assinantes dos seus serviços. Segundo a agência, 35 por cento dos inquiridos acreditam que Portugal poderá entrar em incumprimento e 20 por cento que o país poderá sair do euro. Em relação a Espanha, 25 por cento admite a entrada do país vizinho em incumprimento, e 15 por cento admite a saída do euro. Na Grécia, o pessimismo dispara, com 75 por cento dos inquiridos a admitir o incumprimento e 40 por cento a acreditar na saída do euro.
Fonte: Público