Primeiro-ministro japonês demite-se


O primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, apresentou a sua demissão, depois de ter atingido picos de impopularidade apenas oito meses após ter tomado posse. Trata-se do quarto chefe de governo japonês a interromper o seu mandato em menos de quatro anos.

“O trabalho do governo não foi bem compreendido pelo público. Perdemos o seu apoio”, reconheceu o governante, citando duas principais razões para a sua demissão: a decisão de manter uma polémica base militar norte-americana na ilha de Okinawa (sul do Japão) e os escândalos de financiamento oculto que envolve membros do seu gabinete, nomeadamente Ichiro Ozawa.

Durante uma reunião com os principais responsáveis da sua formação política - Partido Democrata do Japão - Hatoyama, de 63 anos, declarou que pediu igualmente a demissão do seu secretário-geral, o todo-poderoso Ichiro Ozawa.

“Eu demiti-me e pedi igualmente a demissão de Ichiro Ozawa”, declarou.

O actual vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Naoto Kan, 63 anos, surge como o candidato mais bem colocado para suceder a Hatoyama.

De acordo com a agência notiociosa Jiji, o novo presidente do partido deverá ser conhecido já na sexta-feira, tendo posteriormente de ser aprovado por ambas as câmaras do parlamento.

A pressão em torno de Hatoyama foi subindo de tom nas últimas semanas, depois de as opiniões favoráveis à sua governação terem baixado para níveis inferiores a 20 por cento.

Diversos responsáveis partidários reclamavam a saída de Hatoyama, a fim de salvaguardar as hipóteses dos candidatos partidários na eleições para o Senado, marcadas para o dia 11 de Julho.

Hatoyama descende de uma ilustre família de políticos e industriais: o seu avô paterno Ichiro foi primeiro-ministro do Japão entre 1954 e 1956 e o seu avô materno é o fundador do fabricante de pneus Bridgestone.

Tendo iniciado funções com uma taxa de popularidade de cerca de 70 por cento, Hatoyama - que venceu as legislativas em Agosto e tomou posse no dia 16 de Setembro - rapidamente perdeu a sua base de apoio, essencialmente devido a contradições políticas e à sua falta de poder de decisão, escreve a AFP.

Uma das suas promessas eleitorais tinha sido precisamente a de abandonar a base de Futenma, que acabou por não cumprir. Esta recusa deitou por terra a coligação governamental de centro esquerda formada pelo Partido Democrata do Japão e por duas pequenas formações, incluindo o Partido Social-Democrata, que se opunha à base e que, em consequência disso, abandonou a coligação na passada sexta-feira.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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