FCP e Benfica encontram-se em Aveiro


Como sempre, a época portuguesa de futebol abre com a Supertaça Cândido de Oliveira, que coloca frente a frente o campeão nacional e o vencedor da Taça. Hoje, em Aveiro, vai ser um duelo com protagonistas habituais, Benfica e FC Porto, que já se defrontaram nestas circunstâncias em dez ocasiões (ver texto nestas páginas) e uma oportunidade para ver em acção duas equipas que, não tendo muitos nomes novos, também não são exactamente as mesmas da época passada.

Depois de uma quebra em relação ao que tem sido um hábito nos últimos tempos (de primeiro para terceiro), o FC Porto efectuou uma pequena revolução. Terminou com o ciclo Jesualdo Ferreira, que tinha conquistado três campeonatos em quatro anos, e iniciou um novo, com André Villas-Boas, e a esperança de poder repetir a época José Mourinho, que também era quase um "rookie" quando chegou ao clube mas que se impôs rapidamente com os resultados que se conhecem. Villas-Boas, 32 anos, é como se tivesse uma marca na testa a dizer "potencial novo Mourinho" porque trabalhou com ele durante vários anos, mas o treinador do Real Madrid não tem sido muito simpático para o seu antigo empregado.

Crise central

Não têm sido muito animadoras as exibições do FC Porto na pré-época, em que ficaram bem visíveis as debilidades defensivas da equipa. A venda de Bruno Alves ao Zenit por 22 milhões, embora um excelente negócio, abre um buraco no eixo da defesa portista e é um problema que não vai ser resolvido a curto prazo. Rolando não tem a capacidade de liderança do ex-capitão e Maicon só agora está entrar a sério na equipa - Sereno é a outra opção. Junta-se a isto a inexperiência de Miguel Lopes (Fucile não foi convocado) e o menor tempo de preparação de Álvaro Pereira para se perceber que a defesa ainda em construção do FC Porto pode bem custar-lhe o primeiro título da época.

A grande força portista está do meio-campo para a frente e teve um reforço de muito peso, o incombustível João Moutinho, já a pensar numa possível venda de Raul Meireles. O ex-capitão do Sporting é um inegável acrescento de qualidade num sector que já tem Fernando, Belluschi e Rúben Micael (que não está disponível para a Supertaça devido a lesão). Poderoso é mesmo o ataque, onde está Falcao, um goleador por excelência, que será alimentado por Varela e Hulk, este a aparecer em grande forma neste início de temporada.

Roberto e as alas

Golos são o que não tem faltado ao Benfica nesta pré-temporada e, neste aspecto, não se descaracterizou em relação à última temporada. Apesar da presença no Mundial da África do Sul, Cardozo já está com a pontaria bem afinada e Saviola também está a iniciar bem a época. Dos novos, Jara é o que está a começar melhor, revelando boa técnica e capacidade goleadora, enquanto Gaitán ainda é uma relativa incógnita.

As goleadas têm surgido numa altura em que Jorge Jesus tem insistido mais numa alternativa táctica (4x3x3) em relação à que usou na maior parte da época passada (4x4x2), motivado pela vendas de Di María e Ramires, fundamentais a canalizar o jogo pelas alas. Sem ter (ainda) alternativas para estes jogadores, o Benfica tem de contar mais com a criatividade dos seus dois médios mais ofensivos e, neste sentido, Carlos Martins tem assumido grande protagonismo ao lado de Aimar.

A defesa é outro dos sectores em que nada vai mexer. Maxi Pereira e Fábio Coentrão serão os laterais ao longo da época, embora hoje a aposta para a direita seja Ruben Amorim, enquanto Luisão e David Luiz formarão a dupla preferencial de centrais. O problema está na baliza, em que Jesus abdicou de Quim para promover Roberto, um alto espanhol que não tem justificado o preço de compra ao Atlético de Madrid, 8,5 milhões de euros. Roberto tem cometido vários erros ao logo deste início de época e não se tem mostrado muito tranquilo entre os postes. Serão apenas nervos, ou terá Jesus de recorrer a Júlio César ou Moreira se as coisas correrem mal nos jogos a contar?




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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