Obama: 'É tempo de virar a página'
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou ontem o fim oficial das missões de combate no Iraque, o que qualificou como “um momento histórico” e “um marco”.
“É tempo de virar a página”, disse, notando que cabe agora ao povo iraquiano liderar “a segurança do seu país”. “Só os iraquianos podem resolver as suas divergências e policiar as suas ruas. Só os iraquianos podem construir uma democracia dentro das suas fronteiras.”
Num discurso feito a partir da Sala Oval da Casa Branca e emitido pelas televisões no horário nobre (1h00 da manhã em Lisboa), Obama lembrou que a transição da missão dos EUA no Iraque para uma nova fase, que começa hoje, cumpre uma promessa que fez durante a campanha eleitoral.
Nos últimos dias, alguns observadores mais críticos da estratégia do presidente americano fizeram apelos na imprensa para que no seu discurso ele mantivesse aberta a possibilidade de estender o envolvimento militar no Iraque. Obama não o fez.
Talvez estivesse a responder a essas críticas quando disse: “Uma das lições do nosso esforço no Iraque é que a influência americana no mundo não é uma função apenas da força militar”. E: “Devemos projectar uma visão do futuro baseada não só nos nossos medos, mas também nas nossas esperanças”.
Mais: Obama explicitou que tenciona seguir uma estratégia semelhante no Afeganistão. Lembrou que em breve haverá um aumento significativo de tropas destinado a neutralizar a ressurgimento Taliban (uma decisão que ecoa a ofensiva levada a cabo no Iraque em 2007, que muitos estrategas militares consideram ter sido crucial para uma viragem positiva no terreno, e que então, como agora, foi liderada pelo General David Petraeus).
Mas avisou que, em Julho do próximo ano, a transição irá começar no Afeganistão. “Tal como no caso do Iraque, não podemos fazer o que, em última análise, devem ser os afegãos a fazer por si próprios.”
Foi um discurso simultaneamente firme e cauteloso – o mais próximo que Obama esteve de uma declaração de vitória foi dizer: “cumprimos as nossas responsabilidades” no Iraque. Reconheceu que há “muitos desafios” pela frente e que “a violência não vai terminar” com o começo de uma nova fase, mas ficou claro que a sua prioridade em relação ao Iraque é seguir em frente.
A dois meses das eleições para o Congresso, Obama incluiu as preocupações internas no seu discurso de 20 minutos, definindo a recuperação económica como a “missão central” do país e da sua administração.
Nas primeiras reacções ao discurso, tanto o New York Times como o analista de relações internacionais Fareed Zakaria (na CNN), notavam que a retórica de Obama fez por vezes lembrar a de George Bush (a título de exemplo, o New York Times citou a frase: “Enquanto falo, a Al-Qaeda continua a conspirar contra nós”).
Zakaria atribuiu isso a uma mudança de papéis: “Quem falou foi o Presidente Obama, não o candidato Obama, não o senador Obama”. Um Presidente a braços com uma guerra à qual o candidato se opôs.
Fonte: Público
“É tempo de virar a página”, disse, notando que cabe agora ao povo iraquiano liderar “a segurança do seu país”. “Só os iraquianos podem resolver as suas divergências e policiar as suas ruas. Só os iraquianos podem construir uma democracia dentro das suas fronteiras.”
Num discurso feito a partir da Sala Oval da Casa Branca e emitido pelas televisões no horário nobre (1h00 da manhã em Lisboa), Obama lembrou que a transição da missão dos EUA no Iraque para uma nova fase, que começa hoje, cumpre uma promessa que fez durante a campanha eleitoral.
Nos últimos dias, alguns observadores mais críticos da estratégia do presidente americano fizeram apelos na imprensa para que no seu discurso ele mantivesse aberta a possibilidade de estender o envolvimento militar no Iraque. Obama não o fez.
Talvez estivesse a responder a essas críticas quando disse: “Uma das lições do nosso esforço no Iraque é que a influência americana no mundo não é uma função apenas da força militar”. E: “Devemos projectar uma visão do futuro baseada não só nos nossos medos, mas também nas nossas esperanças”.
Mais: Obama explicitou que tenciona seguir uma estratégia semelhante no Afeganistão. Lembrou que em breve haverá um aumento significativo de tropas destinado a neutralizar a ressurgimento Taliban (uma decisão que ecoa a ofensiva levada a cabo no Iraque em 2007, que muitos estrategas militares consideram ter sido crucial para uma viragem positiva no terreno, e que então, como agora, foi liderada pelo General David Petraeus).
Mas avisou que, em Julho do próximo ano, a transição irá começar no Afeganistão. “Tal como no caso do Iraque, não podemos fazer o que, em última análise, devem ser os afegãos a fazer por si próprios.”
Foi um discurso simultaneamente firme e cauteloso – o mais próximo que Obama esteve de uma declaração de vitória foi dizer: “cumprimos as nossas responsabilidades” no Iraque. Reconheceu que há “muitos desafios” pela frente e que “a violência não vai terminar” com o começo de uma nova fase, mas ficou claro que a sua prioridade em relação ao Iraque é seguir em frente.
A dois meses das eleições para o Congresso, Obama incluiu as preocupações internas no seu discurso de 20 minutos, definindo a recuperação económica como a “missão central” do país e da sua administração.
Nas primeiras reacções ao discurso, tanto o New York Times como o analista de relações internacionais Fareed Zakaria (na CNN), notavam que a retórica de Obama fez por vezes lembrar a de George Bush (a título de exemplo, o New York Times citou a frase: “Enquanto falo, a Al-Qaeda continua a conspirar contra nós”).
Zakaria atribuiu isso a uma mudança de papéis: “Quem falou foi o Presidente Obama, não o candidato Obama, não o senador Obama”. Um Presidente a braços com uma guerra à qual o candidato se opôs.
Fonte: Público