Portugal em queda livre
Ver um jogo da selecção portuguesa por estes dias é deprimente. É olhar para uma equipa depressiva, perdida em campo, incapaz de jogar bem e de ganhar, como se notou esta terça-feira, na Noruega, onde perdeu por 1-0, em mais um passo rumo ao abismo.
Assistir a um jogo da selecção é como olhar para o famoso quadro de Munch, o “grito”, que tem duas das suas várias versões expostas em dois museus de Oslo. Olha-se e sente-se uma profunda depressão, embora no caso da obra do pintor norueguês se encontre arte e beleza. O que não é o caso da equipa nacional, reduzida a um retalho dos bons e velhos tempos. Sem arte, sem belo e apenas com esforço.
Dizem os especialistas que o “grito” de Munch remete para a desordem de despersonalização, uma doença que inclui sintomas de irrealidade, de ruptura com a personalidade, amnésia e apatia. De tudo isto parece padecer a equipa portuguesa, mergulhada no caso (e no caos) dos castigos de Queiroz e das guerras internas da federação.
E isso (por muito que ninguém possa prová-lo cientificamente) está à vista de todos. Eduardo é só um exemplo. Continua a ser o mesmo Eduardo que canta o hino com o coração todo, mas a tranquilidade do Mundial desapareceu. O agora guarda-redes do Génova já tinha dados sinais frente a Chipre (no último golo) e diante da Noruega mostrou que não está na melhor forma. Fruto ou não do clima que se vive na selecção, o guarda-redes foi um exemplo de intranquilidade. Viu-se isso logo no início da partida, quando a Noruega mostrou que é perigosa nos lançamentos laterais, e comprovou-se com a oferta do golo norueguês, aos 21 minutos.
O lance era fácil de resolver, mas Eduardo deu um toque a mais antes de aliviar a bola e Carew interceptou o esférico, deixando-o à mercê de Huseklepp.
E se contra Chipre, Portugal defendeu mal, mas atacou com qualidade, desta vez nem uma coisa, nem outra. Nani apagou-se na maior parte do tempo, Hugo Almeida ficou perdido no meio das torres norueguesas e só Quaresma mexeu um pouco com o jogo, antes de também se perder em jogadas individuais sem sentido.
Ao longo de todo o jogo, e mesmo sendo uma cópia pobre da selecção de outros tempos, notou-se que a qualidade dos portugueses era maior, mas parecia que algo invisível fazia errar o passe, receber mal a bola, rematar ao lado, complicar o simples e ser incapaz de dar a volta ao resultado.
Sempre que criou oportunidades, Portugal falhou o golo. Começou com Meireles, logo aos cinco minutos, a atirar ao lado, quando estava isolado. E prosseguiu durante todo o jogo. Com remates à figura do guarda-redes, às malhas laterais, um pouco ao lado e, muitos, completamente desastrados. E por muito que as figuras mudassem (agora Manuel Fernandes, depois Quaresma, a seguir Nani e até Danny) o fim foi sempre o mesmo. A excepção foi um lance de Hugo Almeida, que meteu a bola na baliza (60’), mas viu o golo ser anulado (e bem) por fora-de-jogo.
Este segundo encontro (ou pesadelo) na qualificação (ou será desqualificação?) para o Euro 2012 voltou a revelar problemas tácticos (o meio-campo não funciona), mas acima de tudo mostrou uma equipa desestabilizada e instável.
Com um ponto em dois jogos, Portugal recebe a Dinamarca (8 Outubro) e vai à Islândia (quatro dias depois) e corre o risco de em dois meses dizer adeus definitivo ao Euro 2012. Um aviso para todos os envolvidos nas confusões da federação, que podem até já não ir a tempo de salvar os móveis, porque brincaram com o fogo.
Fonte: Público
Assistir a um jogo da selecção é como olhar para o famoso quadro de Munch, o “grito”, que tem duas das suas várias versões expostas em dois museus de Oslo. Olha-se e sente-se uma profunda depressão, embora no caso da obra do pintor norueguês se encontre arte e beleza. O que não é o caso da equipa nacional, reduzida a um retalho dos bons e velhos tempos. Sem arte, sem belo e apenas com esforço.
Dizem os especialistas que o “grito” de Munch remete para a desordem de despersonalização, uma doença que inclui sintomas de irrealidade, de ruptura com a personalidade, amnésia e apatia. De tudo isto parece padecer a equipa portuguesa, mergulhada no caso (e no caos) dos castigos de Queiroz e das guerras internas da federação.
E isso (por muito que ninguém possa prová-lo cientificamente) está à vista de todos. Eduardo é só um exemplo. Continua a ser o mesmo Eduardo que canta o hino com o coração todo, mas a tranquilidade do Mundial desapareceu. O agora guarda-redes do Génova já tinha dados sinais frente a Chipre (no último golo) e diante da Noruega mostrou que não está na melhor forma. Fruto ou não do clima que se vive na selecção, o guarda-redes foi um exemplo de intranquilidade. Viu-se isso logo no início da partida, quando a Noruega mostrou que é perigosa nos lançamentos laterais, e comprovou-se com a oferta do golo norueguês, aos 21 minutos.
O lance era fácil de resolver, mas Eduardo deu um toque a mais antes de aliviar a bola e Carew interceptou o esférico, deixando-o à mercê de Huseklepp.
E se contra Chipre, Portugal defendeu mal, mas atacou com qualidade, desta vez nem uma coisa, nem outra. Nani apagou-se na maior parte do tempo, Hugo Almeida ficou perdido no meio das torres norueguesas e só Quaresma mexeu um pouco com o jogo, antes de também se perder em jogadas individuais sem sentido.
Ao longo de todo o jogo, e mesmo sendo uma cópia pobre da selecção de outros tempos, notou-se que a qualidade dos portugueses era maior, mas parecia que algo invisível fazia errar o passe, receber mal a bola, rematar ao lado, complicar o simples e ser incapaz de dar a volta ao resultado.
Sempre que criou oportunidades, Portugal falhou o golo. Começou com Meireles, logo aos cinco minutos, a atirar ao lado, quando estava isolado. E prosseguiu durante todo o jogo. Com remates à figura do guarda-redes, às malhas laterais, um pouco ao lado e, muitos, completamente desastrados. E por muito que as figuras mudassem (agora Manuel Fernandes, depois Quaresma, a seguir Nani e até Danny) o fim foi sempre o mesmo. A excepção foi um lance de Hugo Almeida, que meteu a bola na baliza (60’), mas viu o golo ser anulado (e bem) por fora-de-jogo.
Este segundo encontro (ou pesadelo) na qualificação (ou será desqualificação?) para o Euro 2012 voltou a revelar problemas tácticos (o meio-campo não funciona), mas acima de tudo mostrou uma equipa desestabilizada e instável.
Com um ponto em dois jogos, Portugal recebe a Dinamarca (8 Outubro) e vai à Islândia (quatro dias depois) e corre o risco de em dois meses dizer adeus definitivo ao Euro 2012. Um aviso para todos os envolvidos nas confusões da federação, que podem até já não ir a tempo de salvar os móveis, porque brincaram com o fogo.
Fonte: Público