Portugal e a liberdade de imprensa
Casos como o do roubo dos gravadores de jornalistas da Sábado por um deputado e os processos judiciais contra o Sol terão levado a uma má classificação pelos RSF.
São dez lugares mais abaixo que no ano passado: Portugal caiu em 2010 para o 40.º lugar no ranking da liberdade de imprensa elaborado pela associação internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Esta é a pior classificação nacional desde que os RSF criaram a lista, em 2002. Portugal fica logo abaixo de Espanha (que subiu para 39.º) e acima de países como a Tanzânia (41), Coreia do Sul e Papua Nova Guiné (42) e França (44).
O relatório dos RSF não faz desta vez comentários sobre o estado da liberdade de imprensa em Portugal, mas na base de dados daquela associação há dois comunicados divulgados este ano em que se condenam o episódio do roubo, pelo deputado socialista Ricardo Rodrigues, de dois gravadores a jornalistas da Sábado durante uma entrevista, em Maio, e a condenação do jornal Sol em tribunal num dos processos colocados pelo ex-administrador da PT Rui Pedro Soares.
Estes dois episódios contribuíram para uma imagem mais cinzenta do exercício da liberdade de imprensa em Portugal, mas será necessário incluir também a polémica em torno da suspensão do Jornal Nacional de Sexta da TVI, em Setembro de 2009 - o questionário com base no qual o ranking foi elaborado refere-se ao período entre 1 de Setembro de 2009 e 31 de Agosto de 2010 -, e o clima de suspeição de controlo dos media pelo poder político, que justificou dezenas de audições no Parlamento (na Comissão de Ética e, depois, na comissão de inquérito ao negócio de compra da TVI).
O PÚBLICO questionou os RSF sobre as razões para a classificação de Portugal mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. O Sindicato dos Jornalistas também não quis comentar o estudo por desconhecer a metodologia. O ranking resulta da análise de dezenas de critérios que incluem violência, prisão, homicídios, ameaças, censura e autocensura, buscas, apreensão de material e até a existência de monopólios.
Tal como em anos anteriores, os lugares cimeiros são ocupados por países do Norte da Europa: Finlândia, Islândia, Holanda, Noruega, Suécia, além da Suíça. Para o secretário-geral dos RSF, "é preocupante ver diversos países-membros da União Europeia caírem continuamente no ranking"; e a UE, "se não tiver cuidado, arrisca perder a sua posição como líder mundial no respeito pelos direitos humanos". Treze dos 27 Estados da UE estão no top 20, mas entre os outros 14 há países "afundados" na tabela: Itália aparece em 49.º, a Roménia em 52.º e Grécia e Bulgária empatam em 70.º.
Na outra ponta da lista estão a Eritreia (em último, 178.º) e a Coreia do Norte (177.º), mas também o Ruanda, Irão, Iémen, Sudão e Síria. Melhor está Cuba, que pela primeira vez saiu da lista dos dez piores países.
Fonte: Público
São dez lugares mais abaixo que no ano passado: Portugal caiu em 2010 para o 40.º lugar no ranking da liberdade de imprensa elaborado pela associação internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Esta é a pior classificação nacional desde que os RSF criaram a lista, em 2002. Portugal fica logo abaixo de Espanha (que subiu para 39.º) e acima de países como a Tanzânia (41), Coreia do Sul e Papua Nova Guiné (42) e França (44).
O relatório dos RSF não faz desta vez comentários sobre o estado da liberdade de imprensa em Portugal, mas na base de dados daquela associação há dois comunicados divulgados este ano em que se condenam o episódio do roubo, pelo deputado socialista Ricardo Rodrigues, de dois gravadores a jornalistas da Sábado durante uma entrevista, em Maio, e a condenação do jornal Sol em tribunal num dos processos colocados pelo ex-administrador da PT Rui Pedro Soares.
Estes dois episódios contribuíram para uma imagem mais cinzenta do exercício da liberdade de imprensa em Portugal, mas será necessário incluir também a polémica em torno da suspensão do Jornal Nacional de Sexta da TVI, em Setembro de 2009 - o questionário com base no qual o ranking foi elaborado refere-se ao período entre 1 de Setembro de 2009 e 31 de Agosto de 2010 -, e o clima de suspeição de controlo dos media pelo poder político, que justificou dezenas de audições no Parlamento (na Comissão de Ética e, depois, na comissão de inquérito ao negócio de compra da TVI).
O PÚBLICO questionou os RSF sobre as razões para a classificação de Portugal mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. O Sindicato dos Jornalistas também não quis comentar o estudo por desconhecer a metodologia. O ranking resulta da análise de dezenas de critérios que incluem violência, prisão, homicídios, ameaças, censura e autocensura, buscas, apreensão de material e até a existência de monopólios.
Tal como em anos anteriores, os lugares cimeiros são ocupados por países do Norte da Europa: Finlândia, Islândia, Holanda, Noruega, Suécia, além da Suíça. Para o secretário-geral dos RSF, "é preocupante ver diversos países-membros da União Europeia caírem continuamente no ranking"; e a UE, "se não tiver cuidado, arrisca perder a sua posição como líder mundial no respeito pelos direitos humanos". Treze dos 27 Estados da UE estão no top 20, mas entre os outros 14 há países "afundados" na tabela: Itália aparece em 49.º, a Roménia em 52.º e Grécia e Bulgária empatam em 70.º.
Na outra ponta da lista estão a Eritreia (em último, 178.º) e a Coreia do Norte (177.º), mas também o Ruanda, Irão, Iémen, Sudão e Síria. Melhor está Cuba, que pela primeira vez saiu da lista dos dez piores países.
Fonte: Público