Siza Vieira recebeu mais um prémio


Esta manhã, soube-se que o arquitecto Álvaro Siza Vieira tinha ganho a 3ª edição do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura. À tarde, antes de receber o grau de doutor honoris causa pela Universidade Técnica de Lisboa pelo contributo para o prestígio e dignificação da cultura portuguesa, mostrou-se feliz e honrado, mas acrescentou que não merece tantas distinções: “são demasiados prémios, não os mereço”, afirmou, acrescentado, em declarações à agência Lusa, que é um prémio transnacional e que por isso “é importante para Portugal e para a arquitectura portuguesa, não apenas para mim.”

Para além de uma quantia pecuniária de 75 mil euros, o prémio consiste na atribuição de um troféu da autoria da artista plástica Fernanda Fragateiro e será entregue em Janeiro, na cimeira luso-espanhola. Instituído por Portugal e Espanha em 2006, e de periodicidade bienal, o prémio tem como finalidade distinguir um autor, pensador ou criador vivo que, por intermédio da sua acção na área das artes e cultura, tenha contribuído para o reforço dos laços entre os dois países e para um maior conhecimento mútuo da criação ou pensamento.

O anúncio do prémio foi feito, simultaneamente, em Madrid e Lisboa, pelas ministras da Cultura dos dois países, a espanhola Angeles Gonzales-Sinde e a portuguesa Gabriela Canavilhas. A ministra da Cultura portuguesa declarou que Siza Vieira “é uma das referências mais marcantes da arquitectura e da cultura contemporâneas”, lembrando algumas das muitas distinções e prémios já recebidos pelo arquitecto, entre eles o Pritzker em 1992, o maior galardão da área da arquitectura, a medalha de ouro de Arquitectura do Conselho Superior do Colégio de Arquitectos de Madrid, a Medalha de Ouro da Fundação Alvar Aalto, o Prince of Wales da Universidade de Harvard, o Prémio Europeu de Arquitectura da Comissão das Comunidades Europeias/Fundação Mies van der Rohe ou a Medalha de Mérito cultural do Ministério da Cultura de Portugal.

Na primeira edição, em 2006, o galardão foi atribuído ao poeta e tradutor português José Bento, e em 2008, ao espanhol Perfecto Cuadrado, professor de Filologia Galega e Portuguesa na Universidade das Ilhas Baleares e tradutor de obras portuguesas para castelhano, entre elas, a de Fernando Pessoa.

O Júri da 3ª edição, que decidiu por unanimidade, foi constituído pela jornalista Clara Ferreira Alves, pelo escritor João de Melo, pelo arquitecto Manuel Graça Dias, pelo jornalista José Manuel Diego Carcedo, pela arquitecta Fuensanta Nieto e pela jornalista Pilar del Río. O arquitecto Carrilho da Graça congratulou-se com a distinção, afirmando à Lusa que a sua obra é “impressionante, com grande expressão material em Portugal e forte presença em todo o mundo”, enquanto a vice-presidente da Ordem dos Arquitectos Ana Tostões destacou o simbolismo da atribuição: “fico feliz com esta decisão. É sem dúvida merecido e simbólico que se faça uma homenagem a Siza Vieira num contexto ibérico.”

Nascido em Matosinhos, em 1933, Siza Vieira estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto e tem uma vasta obra arquitectónica de projecção internacional. O Museu de Serralves, a Casa do Chá, o Pavilhão de Portugal na Expo 98, a igreja de Marco de Canavezes ou o projecto de renovação do Chiado são algumas das suas obras mais emblemáticas, tendo também concebido o projecto para o Centro Meteorológico da Vila Olímpica, em Barcelona, ou para o Museu de Arte Contemporânea da Galiza. Mais recentemente projectou o museu para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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