Iron & Wine no campo e na cidade


O indie folk tem sido o segmento do pop-rock mais fértil em arrojos de génio. Bill Callahan (ex-Smog), Howe Gelb (ou os Giant Sand), Bonnie Prince Billy, Sufjan Stevens, Phosphorecent, Joanna Newsom, Nina Nastasia, Laura Veirs, The Be Good Tanyas, Fleet Foxes, Midlake ou David Eugene Edwards (através dos Wovenhand e dos 16 Horsepower), entre muitos outros, têm dado ouro à grande arca da música popular urbana (ou não tão urbana quanto isso).

A esse núcleo numeroso, quase todo norte-americano, têm que ser inseridos os Iron & Wine, a simulação de identidade colectiva inventada pelo seu único detentor, o músico Sam Beam.

Deste projecto individual, vem agora o quarto álbum de originais, "Kiss Each Other Clean" (capa na imagem em cima). O constante progresso dos Iron & Wine, assinalado mais por detalhes, atribui a este longo o título provisório de melhor obra do grupo.

Sam Beam, com uma voz pachorrenta que transmite sensações serenas, volta a entrar com a sua folk pelo jazz adentro, num mergulho ainda mais fundo pela desobediência. Campos de trigo e enxadas estão do mesmo lado dos devaneios psicadélicos e funky dentro do mundo gigante (urbano-rural) dos Iron & Wine. E com isso as muitas camadas, de instrumentos aventureiros e de vozes harmoniosas, engrossam as estruturas sólidas de que são feitas as 10 canções

Efeitos especiais teclados funky, como se houvesse um jazzman diabrete estilo Keith Jarret, convivem com sopros fugidios de saxofone; e guitarras afinadas no plano country-rock partilham a mesma sala com uma parafenália de "brinquedos" percussivos e até com um vibrafone (como nos soberbos 'Monkeys Uptown' e 'Rabbit Will Run'). E, por isso, a audição de "Kiss Each Other Clean" vai mágica, como foi a de "The Shepherd's Dog" (o fenomenal álbum antecessor).

A última faixa 'Your Fake Name Is Good Enough for Me' é um alongamento afro-beat e o esforço derradeiro de uma obra de génio.



Fonte: Cotonete

POSTED BY Mari
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