Harry Potter, a hora da despedida


Chegou o dia em que todos os fãs da saga mais admirada dos últimos tempos poderão conhecer o seu desfecho cinematográfico. “Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2” é o derradeiro capítulo da história do feiticeiro adolescente, inspirado nos livros de J. K. Rowling.

Os números mágicos - 450 milhões de livros vendidos em todo o mundo e receitas de bilheteiras superiores a seis mil milhões de dólares (cerca de 4,3 mil milhões de euros) – confirmam a saga como a mais lucrativa da história do cinema.

Será o filme um novo sucesso junto de uma geração que cresceu com Harry Potter? Joana Perez, uma jovem radialista de 20 anos e fã incondicional da obra de Rowling, explica porque começou a apreciar as aventuras de Potter quando tinha 11 anos: “Senti-me atraída pela magia e pela luta entre o ‘bem’ e o ‘mal’. Mas com o passar do tempo e à medida que os livros também vão amadurecendo, o que mais me atrai é mesmo a forma como a autora consegue abordar temas tão actuais e até tão pessoais através da magia.”

Ana Lagoa, uma jovem de 21 anos recém-licenciada, aprecia o encadeamento dado à narrativa concebida pela escritora britânica. “Cada pormenor do livro, por mais que não reparemos nele, tem sempre uma lógica incrível no final. Vamos descobrindo coisas que no início não faziam muito sentido, mas que afinal tinham uma importância enorme. Acho que foi isso que sempre me atraiu, os pormenores.”

Das páginas para a tela

Foi em 1997 que o jovem feiticeiro, através de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, se dava a conhecer ao mundo, ainda sem nada fazer prever a euforia e devoção de que seria alvo. Após o enorme sucesso do livro, surgiu em 2001 a adaptação cinematográfica, que arrebatou nova falange de fãs. Os que haviam lido a obra deslocaram-se às salas para conhecer as caras que representavam as personagens que admiravam. Joana considera que foram os livros que a levaram ao cinema: “Não acredito que tivesse a mesma vontade de ver os filmes se não fosse já conhecer e gostar dos livros.”

Ana e Joana revelam naturalmente mais interesse pela versão escrita, porque há detalhes importantes que são esquecidos na forma fílmica: “Fico sempre muito transtornada por ver as coisas que são postas de fora… Há até algumas adaptações com que não concordo”, explicou a segunda. Porém, compreendem as dificuldades que este tipo de adaptações exige. Ainda assim, não consideram que a transformação fílmica esteja mal conseguida e fazem questão de se deslocar às salas de cinema. As interpretações das personagens parece ser uma das razões por que Joana não falta à sessão cinematográfica: “Penso que o que nos faz ir ver os filmes é o facto de como a maior parte dos actores vive as personagens.”

A hora da despedida

Quinta-feira, quando os créditos surgirem nas 95 salas em que o filme é exibido, certamente muitos devotos, coleccionadores de varinhas mágicas, capas, chapéus e outros artefactos, sentirão angústia na hora de dizer adeus. Ana já sente alguma tristeza: “Penso que quem acompanha a saga Harry Potter vai ficar profundamente triste com o final das aventuras. Eu também, obviamente.” Joana admite frustração, mas espera que a escritora não se afaste deste imaginário e até faz sugestões: “Tenho esperança que ela escreva mais, sobre poções ou algo do género, ou então ainda sobre a história no tempo dos pais de Harry, que certamente terá muito interesse.”

Ante-estreias mais do que esgotadas, aglomerados de fãs no lançamento dos livros, celebrações e parques temáticos, são apenas alguns dos efeitos que a figura literária consegue junto dos seus adoradores, capazes das maiores loucuras para se juntarem ao imaginário “potteriano”. Joana confessa que fez algumas no lançamento dos livros: “Fiz tantas. Não só ia dormir à porta da Fnac desde o quinto livro, como ia vestida a rigor. Num ano cheguei a combinar com uma amiga ir a Londres para ver a estreia de um dos filmes mais cedo, mas infelizmente não pude. Mas acabei por ver em Portugal e não deixei de ir vestida a rigor.”




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POSTED BY Joana Vieira
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