Old Jerusalem lançam 5º álbum
Ao 5º disco, Old Jerusalem decide focar a actividade criativa do projecto nos seus elementos basilares. O presente álbum, apropriadamente homónimo considerando esta inclinação estética e “logística”, é composto e interpretado na sua totalidade por Francisco Silva, o mentor de Old Jerusalem desde a sua génese em 2001.
Se a nível lírico se pode afirmar que a atenção às palavras e a procura do chamado “mot juste” se mantêm inalterados – ainda que talvez mais focados numa dimensão quase-narrativa eminentemente alegórica e menos no tom expressionista que predominou em alguns dos anteriores trabalhos da banda -, já a nível da composição musical encontramos em “Old Jerusalem” arranjos e abordagens sonoras próprios de uma pop-folk “de câmara”, essencialmente limpa e caracteristicamente introspectiva, ainda que pontuada a momentos por canções de maior abertura e leveza.
Não sendo uma linha estética estranha ao projecto, o tom contido e tendencialmente minimal de “Old Jerusalem” assinala ainda assim um recentrar da banda numa linha que se pode dizer originária, pondo um parêntesis (ou um voltar de página?) na tendência de expansão sonora e colaborativa de Old Jerusalem, que de disco para disco se vinha sentindo ao longo da vida editorial da banda até ao momento. Ao invés, o ponto de partida de boa parte dos temas constantes deste trabalho são rendilhados de guitarras double tracked, com o restante espectro sonoro preenchido por harmonizações vocais recorrentes (a tempos reminiscentes do trabalho conjunto de Paul Simon e Art Garfunkel, uma das referências musicais embrionárias de Francisco Silva), e linhas graves de moog que asseguram as fundações “telúricas” sempre necessárias ao sustento de qualquer conjunto de canções.
“Old Jerusalem”, com edição agendada para 19 de Setembro de 2011 por intermédio do colectivo PAD, marca assim um diferente tipo de continuidade na evolução estética da banda. Uma continuidade que revisita de alguma forma a génese do projecto, sem que essa revisitação formal anule o facto de estas serem canções de agora, canções que formam o corpo de um trabalho que assinala o 5º degrau na maturação deste projecto de exploração e experimentação em torno da palavra cantada.