Pão pode causar cancro


Se a ocratoxina A está nos cereais era de prever que fosse encontrada no pão. Foi esse o previsível resultado preliminar de um projecto de investigação que está em curso em seis regiões de Portugal e que quer explorar o potencial tóxico para os rins, fígado e cancro de uma substância produzida por fungos.

Para já, o estudo analisou 517 amostras de vários tipos de pão num cenário onde a broa será o mais preocupante. Por outro lado, procurou-se também a prevalência da toxina na urina num total de 364 amostras.

A ocratoxina A é conhecida como OTA. Já se sabia que a podíamos encontrar em muitos produtos alimentares, desde o café, ao vinho, à cerveja. Sabia-se que a OTA estava nos cereais e, por isso, a presença da OTA no pão, como comprovou um estudo financiado pela FCT que envolveu várias entidades, não causará surpresa a quem já ouviu falar nesta substância química produzida por fungos e que pode representar risco para a saúde. Para já, os resultados das análises a 517 amostras a pão de milho, de centeio e integral mostram que a OTA está em todas as variantes estudadas. Porém, as análises revelaram a concentração desta toxina em níveis superiores ao que está legalmente estabelecido pela agência de segurança alimentar europeia (EFSA). Os únicos e raros casos (terão sido apenas duas das amostras analisadas) encontravam-se na receita da broa, com milho, segundo nota Cristina Matos, do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

A investigadora faz questão de sublinhar que uma ingestão "normal" de pão não trará problemas de saúde ao consumidor. Cristina Matos confirma ainda que os resultados obtidos com as análises à urina (em que a OTA foi detectada numa grande parte das amostras mas em valores médios baixos) não podem ser associados apenas ao consumo do pão, uma vez que a OTA está presente noutros produtos. O interesse pelo pão, justifica, tem a ver com o facto de os cereais representarem mais de 40 por cento da "quota" das fontes de contaminação por OTA. Segundo um relatório da EFSA, o consumo semanal máximo recomendado é de 120 nanogramas (por quilo do consumidor) e a média de consumo estará entre os 15 e os 60 nanogramas.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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