Entrevista #8 - com a Jigsaw




Whisper - Como surgiu a ideia de formarem uma banda?
a Jigsaw - Não é uma pergunta fácil. Julgo que surgiu da vontade de criar música com outras pessoas, explorar novas possibilidades. Há uma grande sinergia no seio das bandas. Acabamos por ser influências uns dos outros e acho que foi isso que no nosso caso levou à formação da banda. De facto, a história é um pouco mais complicada e comprida do que isto, mas em abono de não entrar em modo de dissertação, fico-me pelo “surgiu como outra boa ideia qualquer”.

W - Sabemos que inicialmente a banda não tinha a formação que tem actualmente. O que mudou com a entrada da Susana?
aJ - Sim, apenas eu e o Jorri fazemos parte da formação original da banda. A Susana só entra em 2007 uns meses antes da edição do nosso álbum de estreia “Letters From The Boatman”. Tal como quando se acrescenta uma variável numa equação o resultado se altera, com a entrada da Susana a equação dos a Jigsaw também mudou. Ela costuma dizer que se adicionou uma perspectiva feminina, mas julgo que acima de tudo e retomando a ideia das sinergias, ela veio alterar o balanço e fluxo criativo. O mesmo aconteceu com a entrada nos a Jigsaw do Marco Silva, o nosso mais recente membro que ingressou umas semanas antes da edição do “Like The Wolf”; também ele veio alterar estas energias. E curiosamente nós os quatro começámos a nossa relação sempre como músicos e apenas depois se seguiram os elos de amizade que nos unem ainda mais.

W - Foi complicado obterem apoios no inicio da carreira?
aJ - Apoios, basicamente a banda nunca teve apoios, nem no inicio, nem agora. Apoios institucionais, como a Câmara Municipal, Ministério da Cultura, nunca houve e sinceramente duvido que alguma vez haja. Apoios de empresas, também nunca houve muito, nunca tivemos o apoio de uma editora, ou seja, tivemos que ser nós a criar uma, a Rewind Music, além disso temos o apoio do Ilídio Design na criação da nossa imagem. Mas cada vez mais nós trabalhamos independentemente, controlámos todo o nosso processo, desde a criação à edição, embora no meio desse processo tenhamos o apoio de pessoas que à muito andam com os a Jigsaw, como a Sofia Silva nas fotos ou o Miro Vaz na produção. E um agradecimento especial ao Nuno Ávila (RUC) , porque ele sim, deu-nos um grande apoio numa altura importantíssima da vida dos a Jigsaw, e por isso, Obrigado.

W - Quais são as vossas principais influências musicais?
aJ - Pergunta sempre complicada de responder… somos quatro pessoas diferentes com influências diferentes. E ainda por cima, tantas vezes o que ouvimos mais pode não ser o que mais nos influencia. Claro que há nomes que são partilhados, mas outros que pertencem apenas a cada um de nós. Posso citar o Tom Waits, Leonard Cohen, Johnny Cash, mas também teria que acrescentar Depeche Mode, Pavement, Jimi Hendrix, etc etc etc

W - Qual a história por de trás do nome “a Jigsaw”?
aJ - Em verdade é uma história simples. À data de formação da banda, uma das nossas principais referências era a banda belga dEUS, cujo nome é o título de uma musica de 1988 de uma banda da chamada Sugarcubes. Então, quase como se fora tradição, o nosso nome é inspirado na musica “Jigsaw You” do álbum de estreia dos dEUS, o brilhante “Worst Case Scenario”.

W - Falem-nos um pouco sobre o vosso último trabalho intitulado “Like The Wolf”.
aJ - É um álbum conceptual que através de paisagens sonoras e líricas explora a profundeza das marcas que permanecem da perda da inocência. É um álbum no qual conseguimos encontrar o “nosso” caminho. Temos consciência de toda a dedicação e trabalho envolvido nele: desde o isolamento na Casa Azul para o compor até à gravação dos cerca de 18 instrumentos entre nós os três. Julgo que nos fez amadurecer como músicos e pessoas. Neste cd contámos com alguns convidados e amigos de entre os quais se destacam o Miguel Lima (Bateria), o Gito (contrabaixo), o Carlos Ramos (Bateria) e a Becky Lee Walters na voz, que trouxeram um pouco deles para “alimentar o Lobo” (e o engraçado é que depois da participação deles as músicas deixam de ser apenas nossas).

W - Podemos ver através do vosso myspace que apostam bastante na imagem. Consideram que isso seja um aspecto importante para o crescimento de uma banda?
aJ - A imagem é importantíssima para a afirmação e crescimento de uma banda, sim, isso é verdade, e nós com o tempo fomos tomando consciência que precisávamos de boas fotos de promoção, que a imagem dos cd’s tinha que ser boa, que os sites, myspaces, etc tinham que ser coerentes. Falando concretamente da nossa imagem, ela foi pensada em termos conceptuais ao mesmo tempo que compúnhamos Like The Wolf, nós queríamos que tudo fizesse sentido, as fotos, as cores, a letra, tudo. Daí a Sofia Silva ter pensado no conceito que gira à volta das nossas fotos de promoção, nas nossas personagens, e mais tarde o Pedro Freitas pegou nisso tudo e recriou esses ambientes no papel e fez todo o artwork do Like The Wolf. Isto tudo para dizer, que a imagem é importante, mas mais importante do que a imagem é tu saberes quem és, e como queres que os outros te vejam.

W - Qual o palco que gostariam de vir a pisar um dia?
aJ - É difícil de dizer, mas por exemplo palcos de dimensão ao nível do Wembley Stadium não são o que mais nos atrai. Preferimos casas antigas, com histórias para contar escondidas nas frestas que marcam a passagem dos anos. Esperamos também pisar salas em todo o mundo, desde Espanha ao Japão, passando pelo Canadá ou pela Grécia.

W - Quais os vossos projectos para o futuro?
aJ - A muito curto prazo temos a continuação da promoção do Like The Wolf depois segue-se também a muito curto prazo a celebração da 1ª década da banda, que será festejada com um concerto/festa dia 12 de Dezembro no Salão Brazil. A médio prazo estamos a preparar a internacionalização, neste momento já temos alguns concertos marcados para países como Itália, Bélgica ou Espanha, datas essas que serão anunciadas brevemente, e como não podia deixar de ser, vamos aos poucos coleccionando músicas para o sucessor do Like The Wolf.

W - Alguma mensagem que queiram aproveitar para deixar aos nossos leitores, aos vossos seguidores, ou às promotoras nacionais, etc?
aJ - Antes de mais, agradecer o vosso convite, foi com enorme prazer que o recebemos e aceitamos. Em relação aos vossos leitores, espero que quem nunca ouviu falar em a Jigsaw tenha ficado com alguma curiosidade, e mal acabe de ler esta resposta corra para a loja mais próxima para comprar o álbum. Agora a mensagem séria, os a Jigsaw são um exemplo de perseverança, paixão e luta, vamos fazer 10 anos em Dezembro, 10 anos cheios de histórias, 10 anos a lutar por um sonho que se continua a realizar, o ser músico, o fazer música. Nós nunca desistimos e não iremos desistir, daqui a mais 10 anos cá estaremos para fazer o balanço, com mais uns quantos sonhos concretizados. Obrigado a todos.


POSTED BY Joana Vieira
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