Entrevista #13 - com DJ a boy named Sue
DJ a boy named Sue
O som de Dj A boy named Sue caracteriza-se por uma forte vertente
rock’n’roll, onde podemos encntrar sonoridades como
soul, garage, blues, entre muitas. Conheça melhor este Dj de Coimbra, que
tem percorrido Portugal de norte a sul.
rock’n’roll, onde podemos encntrar sonoridades como
soul, garage, blues, entre muitas. Conheça melhor este Dj de Coimbra, que
tem percorrido Portugal de norte a sul.
Whisper - Como surgiu o teu interesse por uma carreira como DJ?
DJ a boy named Sue - Acho que a coisa aconteceu principalmente por uma razão, não estava satisfeito com os djs, e com a oferta nocturna de Coimbra, e quis oferecer às pessoas algo diferente daquilo a que estavam habituados. Em 2001 comecei a organizar e produzir festas temáticas em Coimbra e depois aconteceu tudo muito naturalmente, tive uma boa resposta e fui sendo convidado para diferentes bares e festas, fui tendo residências em Coimbra e mais recentemente, comecei a ir passar música a todo o país.
W - Quais são as tuas principais influências musicais?
DJ - Como eu costumo dizer, para resumir, sou um moço do rock’n’roll. Mas quando se começa a conhecer muita música descobre-se que isto dos estilos e dos géneros não é tão simples assim. Eu comecei a ouvir punk rock quando era adolescente, mas depois fui tentar perceber de onde é que as coisas vinham, fui escavando para trás no tempo até chegar ao blues ou ao tango e rapidamente percebi que todos os estilos estão interligados e que se pode saltar muito facilmente de género e de década sem as pessoas se aperceberem. E é claro que tento manter uma ligação com as novas tendências da música, tanto dentro do rock, como estou atento a outros géneros como o electro ou o hip hop. Alguns dos meus melhores amigos são nomes reconhecidos de cenas musicais completamente diferentes, como o Techno, ou o Drum’n’Bass.
W - Sabemos que grande parte da música que passas nos teus sets é em vinil, porquê essa escolha?
DJ - Acho que sou um dj ‘old school’. E sou um amante de música, gosto dos discos também como objectos e as edições são muito mais bonitas em vinil. Mas não se trata só de uma questão estética, é também por uma questão de qualidade, em primeiro os discos de vinil têm uma amplitude maior de frequências no espectro sonoro do que os cds (daí também o nome dos cds, compact discs, o som está ‘compactado’). Por outro, por uma questão de longevidade, tenho discos de vinil com mais de 50 anos que tocam com um som perfeito, já os cds riscam-se muito facilmente.
W - Na tua opinião achas que dá para fazer vida e carreira como DJ em Portugal?
DJ - Fazer carreira é uma coisa, fazer vida é outra e é muito difícil. Ainda mais como dj de rock’n’roll. Eu posso ser conhecido um pouco por todo o país, e há semanas em que ponho música 5 noites em sítios diferentes, mas a minha actividade como dj não é a minha principal profissão. Acredito que certas pessoas na música de dança façam vida de dj. Mas acho que os djs de rock ainda não são levados muito a sério, exemplo disso é que raramente vês um dj de rock numa after party ou num palco de um festival ou um grande evento, ainda que as bandas sejam rock.
W - Quando vais comprar teus discos já levas em mente aquilo que pretendes comprar ou estás aberto ao que desconheces?
DJ - Estou sempre aberto a coisas que não conheço, compro muitos discos por curiosidade, apenas pela capa ou por reconhecer o nome de uma música ou de um produtor ou pela data ou pela editora. Compro muitos discos por acaso, em feiras de velharias, em bombas de gasolina... Outras vezes apenas porque um amigo ou alguém numa noite de dj mo aconselha.
Obviamente também encomendo muitas coisas que quero muito ter, tanto antigas como modernas. Leio regularmente revistas como a Mojo, a Uncut ou a Rock & Folk para me me ir mantendo a par das novidades no mundo musical.
W - Existe publico em Portugal para o estilo de musica que passas?
DJ - Sim. Eu vivo e cresci numa cidade (Coimbra) onde sempre existiu uma tradição muito forte de rock, que tem atravessado várias gerações. Mas posso dizer que nos últimos anos tenho verificado que todas as cidades têm pelo menos um bar de rock e um bom grupo de pessoas que gosta de rock. Tenho passado por cidades como Leiria, Évora, Aveiro, Guimarães, Guarda, Caldas da Rainha, e muitas mais e em todas elas tive uma resposta muito boa por parte das pessoas. Outra coisa que me surpreende é que vejo cada vez mais pessoas diferentes e muito novas a dançar rock’n’roll, pessoas sem preconceitos e interessadas em conhecer coisas novas e diferentes. Agora tenho uma residência em Coimbra às segundas feiras que está sempre cheia até às 6h30...
W - Já tiveste a oportunidade de trabalhar como dj no estrangeiro? Onde gostaria de vir a passar música um dia?
DJ - As únicas oportunidades que tive para passar música no estrangeiro foi em after partys de concertos do Tiger Man, com quem trabalho, uma ou duas vezes em Paris e outra em Estrasburgo e acabei por pôr música com os discos do bar. Há sítios que se me dispusesse a investir conseguia facilmente passar música, como Paris, Londres, Madrid ou Barcelona, mas seria sempre um investimento bastante dispendioso para mim.
Para já, gostava de passar música num festival em Portugal. Mas não tenho assim uma meta ou um ‘sonho’, a não ser levar a minha música e o meu modo de passar música ao maior número de pessoas possível. Deixo as coisas correrem naturalmente, e espero continuar a crescer, ser reconhecido e que com isso surjam propostas e oportunidades cada vez mais aliciantes.
W - Como não poderíamos deixar de perguntar, porquê a escolha da música “A Boy Named Sue” de Johnny Cash para o teu nome como DJ?
DJ - Isso é uma história interessante com mais sumo do que se espera. Aos 14 anos, quando jogava andebol na académica fui ‘baptizado’ com a alcunha de Somália pelos jogadores mais velhos, devido à minha magra condição física (riso). Alcunha que acabou por me seguir, mesmo que não gostasse dela, até que a aceitei e até usei o nome de Dj de Dr. Somalicks durante os primeiros anos. Ora a letra da música do Johnny Cash fala de um rapaz que foi baptizado de Sue e depois abandonado pelo pai, fala do quão difícil foi a vida para um rapaz chamado Sue e termina com o pai a dizer-lhe ‘tens todas as razões do mundo para me odiar mas eu dei-te esse nome porque não podia estar ao teu lado para te educar e foi esse nome que fez de ti um homem rijo capaz de enfrentar as adversidades’ (no fim abraçam-se e vão beber um copo). Além de gostar muito da música e do Johnny Cash, estabeleci uma analogia entre o ‘life ain’t easy for a boy named Sue’ e o ‘a vida não foi fácil para um rapaz chamado Somália (ainda que a minha história não seja tão trágica). O nome Sue acabou por funcionar também como um diminutivo de Somália e hoje muita gente me trata por Sue.
W - Algo que queiras acrescentar à entrevista?
DJ - Além da actividade como dj em festas / eventos, sou ainda responsável por 2 programas de autor na Rádio Universidade de Coimbra: o ‘Cocktail Mariachi’, dedicado ao lounge e easy listening e o ‘Sé Velha Uber Alles’, dedicado ao punk rock, tendo já estado ligado a programas de rock e de blues.
TOP 10 – As músicas que mais passas.
DJ - Como imaginam é muito difícil para mim resumir-me em 10 músicas, tendo em conta que os meus gostos e os meus sets (por vezes de mais de 5h) passam por música exótica, rockabilly, rhythm & blues, soul, garage, punk rock, new wave, death rock, ou electro rock. Eu nunca fiz uma maquete ou um set tipo para ninguém, porque é impossível à partida prever o que vou passar. Não tenho uma playlist, e cada noite depende sempre de de como é que as pessoas reagem aos diferentes estilos, tento sempre ‘ler’ as pessoas na pista para perceber que direcção tomar. Por isso devo ser o dj que mais quantidade de discos leva para qualquer sítio. Se me permitirem deixo-vos uma escolha de 15 músicas e não 10, sendo que há noites em que posso passar só uma ou duas desta lista. Nunca faço 2 sessões iguais e tento sempre surpreender as pessoas sem perder uma certa identidade e coerência.
The Trashmen – King of the Surfers
Nini Rosso – Il Volo del Calabore
Gloria Jones – Tainted Love
Mitch Ryder & The Detroit Wheels – Sock it to me
The Sonics – Psycho
Southern Culture On The Skids – Camel Walk
The Cramps – What’s Inside a Girl
Messer Chups – Auf Wiedersehen Show
B52’s – Planet Claire
Alan Vega – Jukebox Babe
Peaches / Joan Jett – I don’t give a F.../ Bad Reputation
Plastic Bertrand – Ça Plane pour moi
The Horrors – Count in Fives
Wall of Voodoo – Ring of Fire
Screamin’ Jay Hawkins – I Put a Spell on You
Nini Rosso – Il Volo del Calabore
Gloria Jones – Tainted Love
Mitch Ryder & The Detroit Wheels – Sock it to me
The Sonics – Psycho
Southern Culture On The Skids – Camel Walk
The Cramps – What’s Inside a Girl
Messer Chups – Auf Wiedersehen Show
B52’s – Planet Claire
Alan Vega – Jukebox Babe
Peaches / Joan Jett – I don’t give a F.../ Bad Reputation
Plastic Bertrand – Ça Plane pour moi
The Horrors – Count in Fives
Wall of Voodoo – Ring of Fire
Screamin’ Jay Hawkins – I Put a Spell on You