Entrevista #19- com Tiago Xavier


Tiago Xavier
Aveiro - Lisboa

www.tiagumos.com



Tiago Xavier é um fotógrafo nacional
de grandes paixões dentro da arte. Conheça um pouco
melhor este artista que conta com um portfólio recheado
de grandes projectos e alguns nomes sonantes.



Whisper - Como surgiu o seu interesse pela fotografia?
Tiago Xavier - Desde muito cedo, que me lembre, sempre tive uma grande paixão pelas artes e culto da imagem. Tudo começou com o desenho, evoluiu para um percurso académico de design gráfico e pelo meio com a facilidade que o meio digital trouxe em acesso e à prática da fotografia fiz de minha companhia uma câmara que não dispenso para onde quer que vá. De início servia para uma documentação biográfica do que ia acontecendo na minha vida, mais tarde comecei a interessar-me por criar e produzir imagens encenadas, convidando amigos para pousar.

W - Como foi o início da experiência como fotógrafo e o processo de aprendizagem?
TX - Comecei por integrar a fotografia nos primeiros trabalhos de vídeo e design que fiz a nível profissional (ainda durante os tempos de estudante). Com o tempo e durante o percurso académico senti que a fotografia dava-me mais gozo e sentia-me mais desafiado em resolver os trabalhos com imagens. Houve então uma necessidade de aprofundar conhecimentos e ganhar mais experiência. Na altura não me identifiquei com nenhum curso de fotografia, pelo menos por cá. Como tantos outros que admiro e já com grandes carreiras na área, parti para uma aprendizagem por meios próprios, na base da leitura, ver muita coisa (boa) e principalmente experimentando muito. Estando já nesta fase a trabalhar dentro deste mundo competitivo ganhei mais estímulo para aperfeiçoar esta arte. O percurso é ainda muito longo para tudo o que quero aprender e dominar.

W - Quais são suas principais influências nesta área?
TX - Sou bastante influenciado por trabalhos comerciais de alguns fotógrafos, dentro da moda e publicidade, tais como David Lachapelle, Jill Greenberg, Mario Testino, Mondino, entre muitos outros, e também pelos grandes mestres, Henri Cartier Bresson, Helmut Newton, Yousuf Karsh, Newman Arnold...

W - No seu portfólio existem vários tipos de fotografia, qual é aquela que mais lhe agrada e porquê?
TX - Acho que principalmente prefiro fotografar algo com vida, gosto de conhecer pessoas novas, aprecio muito mais o processo em si do que propriamente o resultado, onde se aprende muito mais. Daí que retrato, seja de pessoas ou seja de animais, num ambiente controlado de estúdio ou mais jornalístico, talvez seja o que me dá mais gozo fazer. Também gosto de contar histórias e criar realidades em imagens mais conceptuais.

W - Normalmente, que tipo de material e assistência necessita numa das suas sessões fotográficas?
TX - De um modo geral trabalho muito com luz artificial (flashes normalmente), por ser muito perfeccionista e gostar de controlar tudo o que se vê na imagem final. As minhas equipas variam conforme a dimensão da produção, posso ser apenas eu e um modelo, ou como podem ser vários modelos, assistentes de luz, directores criativos, etc. O necessário para o trabalho sair o melhor possível e ser feito da forma mais prática.

W - Sabemos que faz parte do gabinete de design gráfico “Sente Design” em Aveiro, do qual é co-fundador. Consegue ligar o design à sua fotografia?
TX - Sim, foi aliás assim que comecei a dar mais atenção à fotografia, a partir dos trabalhos de design que fazia e sentir a necessidade de criar e controlar as imagens complementares que necessitava usar. Para mim o design é muito mais que uma maneira de vender da forma “mais bonita” um produto, é uma maneira de viver. Ensina-nos a ver o mundo com um olhar mais atento, a estruturar o pensamento, a trabalhar na lógica das coisas. Desta forma aprende-se que compreendendo melhor o objecto de estudo, com base em conhecimentos em quase todas as áreas, se conseguem soluções vencedoras. Não é no entanto o que mais faço agora, mas continuo a actividade, que na maior parte das vezes é a junção com a fotografia num trabalho.

W - Tem mais alguma “paixão” para além da fotografia e design?
TX - Muitas mais, como a música e banda desenhada, mas a principal é sem dúvida o cinema. É o que me faz sonhar e onde muitas vezes ganho inspiração para projectos pessoais. Em relação a esta arte, lamentavelmente vivemos em Portugal. Nesta área em especial é muito difícil dar os primeiros passos por cá, da forma como a indústria funciona. Tenho tido a sorte de por vezes ser chamado a trabalhar em equipas de produção de spots publicitários, o que me faz estar mais perto do meio.

W - Recentemente participou numa curta-metragem chamada “Breu”. Fale-nos um pouco sobre essa experiência.
TX - Não foi apenas uma participação e tão pouco recente. É uma curta-metragem feita por um conjunto de colaborações de pessoas das mais diversas áreas. A fotografia principal foi feita em duas semanas em 2005, por diversos motivos a pós-produção se prolongou até 2009 e só agora no início de 2010 a curta ficou pronta. O Breu é escrito e realizado pelo meu grande amigo Jerónimo Rocha, e eu sou co-autor e produtor, ainda com passagem pela pele de actor, desprovido de qualquer pretensão em seguir carreira na área (risos), respeito demasiado os actores para isso. O Breu é um conto sobre o medo do escuro, feito a partir da grande paixão que todos temos pelo cinema. Estamos agora na fase de envio para festivais e qualquer convite para exibição é bem-vindo. Quem quiser saber mais visite: www.degredo.com.

W - Para finalizar, alguma mensagem que queira deixar aos leitores, fotógrafos, promotoras, revistas…?
TX - Creio que a melhor coisa que possa dizer é incentivar todos a respeitarem-se uns aos outros, darem valor ao profissionalismo e ao que de bom se faz por cá. Bons trabalhos e muita criatividade. Muito obrigado à Whisper pelo convite.


POSTED BY Joana Vieira
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