Entrevista #5 - com Hiata


Hiata

Oeiras - Lisboa
www.myspace.com/hiata
www.hiata.com


Naturais de Lisboa, os Hiata tentam encontrar o seu espaço
no rock alternativo português.
Vamos conhece-los melhor e
saber quais os seus objectivos na entrevista que se segue.



Whisper - Para quem não vos conhece, qual é a história dos Hiata?
Hiata - O início aconteceu em 2005. O Al (guitarra) começou a compor instrumentais em casa, pois não podia sair devido a problemas de saúde. Durante este processo o Al sentiu a necessidade de adicionar vozes às músicas (ainda em formato demo) convidando o Tai (voz) e o Gito (voz) para interpretarem os temas e darem o seu contributo criativo. A troca de ideias e o seu registo deu-se com recurso às novas tecnologias, internet e softwares/hardwares, ou seja, não tinhamos um espaço físico para criar e gravar em conjunto. As músicas foram ganhando forma e conteúdo, a um ponto que nos levou a personalizar o projecto... nasceu o nome Hiata e a vontade de gravar um CD com o mero intuito de realização pessoal, sem objectivos ou ambições definidas. O nome surge da própria história inicial da banda, da fase de isolamento e solidão do Al, um hiato na sua vida.
Em 2006, após a gravação do CD, acabámos por mostrar as músicas a alguns amigos e tivemos um feedback positivo. Isso deu-nos força e motivação para fazer algo mais. Em 2007, decidimos materializar a banda, convidando mais três elementos: Santos (guitarra), Trunfa (baixo) e Ben (bateria). Começámos a ensaiar, a dar concertos e a promover Hiata.
Em 2008 o Ben sai da banda por motivos profissionais e vimo-nos forçados a fazer durante alguns meses audições para um novo baterista. No início de 2009, Johnny “Drummer” (bateria), entra como novo elemento de Hiata.

W - O vosso género musical foi definido desde o início da banda ou foi algo que se definiu com o tempo?
H - Foi algo natural, nunca pensámos em fazer uma banda com um estilo específico. Alguns de nós tiveram percursos em conjunto noutras bandas. De certa forma, isso marca a nossa identidade e facilita o processo criativo. O facto de no início recorrermos a softwares/hardwares para colmatar a ausência humana nalguns instrumentos leva-nos hoje em dia a usar o “sétimo elemento” (orquestrações, samples) com frequência, e achamos que essa questão também define a nossa estética.

W - Como caracterizam a vossa música e género musical?
H - Symphonic Landscape Rock, música influênciada pelo rock dos anos 70, 80 e 90, que apresenta uma variedade de texturas sonoras que nos remetem para um cenário paisagístico detalhado, colorido com arranjos orquestrais, onde a dicotomia luz/sombra está sempre presente (risos).

W - Vocês cantam em inglês. Porque essa opção?
H - (Risos) É uma pergunta clássica mas também porque é sempre interessante saber. É uma opção principalmente estética, mas também técnica... todos nós fomos influênciados desde muito cedo por bandas estrangeiras. Antes o que mais passava na rádio, e se vendia nas lojas, era música importada. Claro que também ouvíamos algumas bandas portuguesas mas, no geral, era a música estrangeira que tinha mais airplay, nomeadamente o mercado americano e inglês. Em Hiata, todos apreciamos muito a nossa língua mas importa dizer que não é fácil dominá-la. É uma língua com um vocabulário vasto, com uma métrica diferente, por vezes difícil de fluir, e tem uma sonoridade particular.
Não se trata tanto do “querer vingar lá fora”, mas também temos a consciência que assim chegamos a mais pessoas, e isso agrada-nos de certa maneira, ter a possibilidade de ir mais além. Hiata aposta muito na promoção online.
No fundo está relacionado com o nosso passado, que influência e define os nossos gostos actuais. Todos tivemos várias bandas ao longo dos anos e todas elas cantavam em inglês. De qualquer modo não pomos de parte, num futuro próximo, virmos a incluir o idioma português em novas músicas.

W - Sabemos que vocês acabaram de lançar o EP intitulado “Poisoned Waters (Re-issue 09)”. Falem-nos um pouco sobre ele.
H - Este EP é uma re-edição de algumas músicas do CD que lançámos em 2006, intitulado “Poisoned Waters”. Daí o nome “Poisoned waters (Re-issue 09)”.
Quando começámos a ensaiar (os seis) fomos percebendo que nem todas as músicas do CD de 2006 resultavam bem ao vivo e, não tinham a energia que pretendiamos transpor. Isto é natural, pois o CD de 2006 foi interpretado e gravado por apenas 3 de nós e o intuito inicial não era ir para os palcos. As músicas não tinham sido testadas para ver se funcionavam ao vivo. Na altura a bateria foi gravada usando uma beatbox e as músicas eram um pouco “quadradas” e mecânicas. Com algum trabalho e mais cabeças a criar, as músicas foram ganhando novas formas, mais corpo e profundidade.
Resolvemos então pegar em seis dos temas que tocamos ao vivo, presentes no CD de 2006, e fazer uma nova produção. Este EP já conta com a interpretação e input criativo dos novos elementos que compõem a actual formação, incluindo o novo baterista. Esta gravação surge pela necessidade de transpor para as músicas a experiência acumulada nos concertos, e de introduzir as novas ideias, construídas ao longo dos 2 últimos anos. É actual e representativo do que estamos a fazer neste momento, com uma sonoridade nova e fresca.

W - Quais foram as principais dificuldades que enfrentaram para a sua realização?
H - Foi uma produção independente e isso deu-nos bastante liberdade. As dificuldades que sentimos foram as normais quando se tenta fazer o melhor, pois nem sempre se consegue. Para a produção áudio foi preciso muito empenho e dedicação, principalmente na mistura e masterização, para estarmos satisfeitos com o resultado. Tentamos sempre subir a expectativa quanto à qualidade e fazemos disso um objectivo.

W - O vosso novo videoclip de “Poisoned Waters” é uma animação, o que não é muito comum. Como surgiu a ideia e como foi construído?
H - Entre os seis elementos temos formação académica e profissional em Design, Ilustração, Webdevelopment, Multimédia, Produção Audiovisual e Arquitectura. Existe no grupo uma sensibilidade e vontade de fazer algo interessante na comunicação de Hiata. A ideia de fazer uma animação em stop motion estava estabelecida antes sequer de decidirmos que o tema seria a “Poisoned waters”. Isto porque conhecemos e admiramos um ilustrador e animador, o nosso amigo João Rubim. Falamos com ele sobre a possibilidade de nos fazer um videoclip, com a condição de termos um orçamento reduzido, e obtivemos uma reacção muito positiva e empenhada. Foi sem dúvida uma grande ajuda para Hiata e por isso lhe estamos muito gratos.
O videoclip é uma hipótese figurativa da metáfora que está presente nas letras do Tai e do Gito, neste caso da “Poisoned Waters”. Passámos algumas ideias visuais ao Rubim, mas o estilo e argumento são a sua interpretação do tema, que foi realizado, animado e editado por ele. O trabalho demorou um ano para concluir e inclui milhares de desenhos, tudo feito em Londres, onde vive.

W - Como lidam com as performances ao vivo?
H - Lidamos bem... pensamos nós! (Risos) Sempre com bastante motivação e vontade. Apesar de sabermos que ainda temos coisas a melhorar como banda, sentimos que progredimos ao longo dos tempos. Gostamos muito de tocar ao vivo e queremos fazê-lo com mais frequência.
A experiência acrescida nos concertos é fundamental para continuarmos a crescer. Estamos sempre a trabalhar para introduzir pormenores diferentes ao vivo.

W - Onde e como esperam estar daqui a 5 anos?
H - Esperamos estar ainda a fazer música juntos e, nesse caso, Hiata terá quase 10 anos de existência! Como qualquer banda com ambição, nessa altura queremos ter bastante mais reconhecimento, uma maior exposição, e tocar em palcos maiores.

W - Alguma mensagem que queiram aproveitar para deixar aos nossos leitores, aos vossos seguidores, ou às promotoras nacionais, etc?
H - Sim! Para os que nos seguem e principalmente para os que não nos conhecem, esperem pelo aparecimento de um novo álbum de Hiata, a médio prazo, que irá trazer surpresas. Já está a ser trabalhado há muito tempo e acreditamos que será algo com carisma e identidade.
Queremos também marcar pela diferença. Agradecemos à Whisper Magazine esta oportunidade de nos dar a conhecer melhor e gostámos muito da entrevista.




POSTED BY Joana Vieira
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